CABRA MACHO! QUASE UM CORDEL...
Cabra macho era o Targino,
Bicho bravo e brigador,
Tinha fama desde menino,
Onde passava o pequenino,
Já causava grande horror...
Uns diziam já com medo,
Este cabra e filho da peste,
E não era nenhum segredo,
Naquela região do agreste...
Foi crescendo, mau sujeito,
Irritado era seu jeito,
Que até o prefeito,
De Santana do quelúz...
Disse: deixe este cabra de lado,
Pra ter paz no povoado,
E melhor ficar calado,
E entregar pra Jesus...
Nos botecos que ele entrava,
Todo mundo se arredava,
Tinha sempre alguém que gritava,
Vixxxi Maria, Nossa Senhora...
E naquela tremedeira,
Suava que não era brincadeira,
Cara branca como cera,
Sem forças de ir embora...
Um dia o Zé Lacraia,
Armou uma tocaia,
Na virada do Atalaia,
Pra pegar o tal cabra...
Só que ele se esqueceu,
A lição que aprendeu,
Todo dito que é ateu,
Som com muita reza brava...
O Targino muito esperto,
Quando tava chegando perto,
Com os olhos bem aberto,
Com seu jeito de capiau...
Deu um rabo de arraia,
Que derrubou Zé lacraia,
De quem era a tocaia?
Toda araruta tem seu dia de mingau...
E neste monta e desmonta,
Eu ate perdi a conta,
Dos anos que remonta,
Que fico não sei! Eu acho!...
Não que me falhe a memória,
Pra escrever esta historia,
Sem fantasia ou gloria,
De um verdadeiro Cabra Macho...
Tentei eu declaro na verdade
Sem medo ou falsidade,
Chegar na minha idade,
Sem ter cara de pastel...
Nascido que sou no sudeste,
Tentei rimar o nordeste,
Mas não sou este cabra da peste,
Para escrever um CORDEL...
KLEBER BERNARDES