Úmido Agreste

Olhando o árido horizonte

O Cavalo pressente o tempo

E por onde o vento aponte

Seu instinto o deixa atento

Trota feliz e alto relincha

Pra chuva que se aproxima

O fim da seca e do tormento

Já se alegra o fazendeiro

Entra em casa, beij'a esposa

Ara e aduba terra ligeiro

Janta angu e espera ansioso

E na noite olha pra cima

A boa chuva se aproxima

Para a colheita de agosto

No outro dia, é madrugada

O galo-rei canta inspirado

O cheiro de terra molhada

Faz a'legria do arretado

Com a esposa dança feliz

Então olha para os Céus e diz

Óh, meu Deus, muito obrigado!

A chuva chega de mansinho

Mas deixa a terra encharcada

O Velho corre no curral

E dá uma solta na boiada

E juntos vão lá pro pasto

Abençoar os pés com barro

Que se fez com a chuvarada

A plantação cresce bonita

Bem verdinha e vistosa

O Velho de lá do meio grita

E espanta a vaca Mimosa

Que foi comer o pé de feijão

O Velho vê e tem compaixão

Aproveita que é só agora

Chega agosto e tem colheita

Os filhos são convocados

Feijão graúdo e perfeito

Um caminhão tá carregado

O Velho vai rumo à cidade

Com toda a Felicidade

E vender feijão a doidado

O Velho senta e reflete

E agradece a Natureza

Chama a Joana e o Donizete

O Zé Raimundo e a Tereza

Mulher, prepara um banquete

Convidei os nossos parentes

Pra brindar na nossa mesa

E o esperançoso cavalo

Que falamos no começo

Está forte e vigoroso

Trotando que é uma beleza

O Alazão está bem contente

Com a égua reluzente

Que o Velho pôs nome de Alteza

E pra fechar este repente

Eu vou falar mais empolgado

O Velho nos dá um presente

Pede pra eu lhes dar o recado

Ele a esposa nos convida

Para ir lá na caatinga

Ver o agreste esverdeado.

James Morais
Enviado por James Morais em 06/07/2016
Reeditado em 06/07/2016
Código do texto: T5689034
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