Meus amigos, boa noite, com esse completo 1.200 textos, diversificados, com predomínio para os cordéis e contos eróticos, e me sinto muio agraciado por todos que dedicam seu tempo a ler meus arremedos de escrita, a quem muito agradeço. Mas não poderia deixar de oferecer os meus sinceros agradecimentos aos poetas que muito me ajudaram, desde o começo de meu ingresso aqui, como por exemplo o Jerson Brito, o Miguel Jacó, o Jacó filho, o Edmilson Biol, a Camille Simeone, a Merils Caldeira, ao Fábio Brandão , ao Luís R. Santos e a tantos outros, cujos nomes estão guardados no meu coração, mas não me recordo de todos, a quem peço desculpas. Essa introdução poderia ser simplesmente um afastamento temporário daqui, mais uma vez, agora que a minha senhora retornou ao hospital, onde voltou a ser internada, com diagnóstico de "pancreatite", num sofrimento danado, injusto na minha opinião, porque essa mulher é do bem, não faz mal a ninguém, mas em contrapartida vem pagando um preço bem alto para viver.  Desculpem-me pelo desabafo. No final do texto tem uma tela em óleo, representando um engenho de açúcar da zona da mata em Pernambuco. Tenho sido consultado sobre vendas, e quero dizer positivamante.  Ansilgus.


CORDEL – Mote – A gaiola tá pequena – Pra caber tanto ladrão – 18.06.2016
 
 
CORDEL – Mote – A gaiola tá pequena – Pra caber tanto ladrão – 18.06.2016
 
Do jeito que as coisas vão
O troço vai engrossar
Pois é tanta confissão
Ruim até de contar
Se a justiça condena
E os manda pra prisão
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(2)
Escândalos estourando
Por toda nossa nação
Gatunos se preparando
Não fica um meu irmão
Alguns causam até pena
Delator bicho papão
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(3)
Tem inocente pagando
Na hora da confissão
O covarde nem lixando
Sujeito sem coração
Com a mesma cantilena
De causar admiração
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(4)
Não chorei pelo Delcídio
Parecia um cidadão
Foi parar lá no presídio
Do Supremo a decisão
Ficou só em quarentena
Tinha uma bomba na mão
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(5)
Sou contrário aos delatores
Sempre mera convicção
Desde até os precursores
Silvério grande vilão
Dedurou uma dezena
Em plena revolução
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(6)
Para mim esses sujeitos
Deveriam se arrombar
Não tendo qualquer direito
Do castigo se livrar
E quem sabe numa arena
Rodeada de leão
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(7)
O delator minha gente
Quando faz a gravação
Pra mim é um delinquente
E não merece perdão
Tenho a cabeça serena
Pra fazer opinião
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(8)
O sujeito tem direito
De falar o que quiser
Não é falta de respeito
Pois muito respeito é
A nossa corte suprema
Deveria dizer não
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(9)
Conversa particular
Proibidas nunca serão
Mas gravação singular
Nunca foi contravenção
É crime, certeza plena,
Cadeia por decisão
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(10)
E se todos delatar
Pensarei com meu botão
Certo ninguém vai sobrar
Artistas todos serão
E com punição amena
Do bandido ao charlatão
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(11)
Prisão domiciliar
Com essa tal caneleira
Agora é que vão roubar
Porque é pura besteira
E depois duma quinzena
Pro cara da delação
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(12)
Se todos são delatores
Não há crime, amigão,
Eles foram infratores
Heróis de nossa nação
Vão ter de fazer novena
Como pena é uma opção
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(13)
Cerveró um coitadinho
Sujeito bem caladão
Foi se abrindo de mansinho
E virou um falastrão
Parecendo com hiena
No cio e com precisão
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(14)
Vaiado no aeroporto
Quando saiu do avião
Que viajou com conforto
Parece contradição
E assim saiu de cena
Foi morar numa mansão
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(15)
Renan, Sarney e Jucá,
Por fazer declaração
Punição não caberá
Pois somente opinião
Por Maria Madalena
Que paguem por corrupção
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(16)
Agora quem vai pagar
Por toda grande inflação
Que castiga de arrombar
O pobre na solidão
Que nem ligando a antena
Estrago nunca verão
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(17)
Venho notando também
Na Comissão do Impeachment
Muita mentira, porém,
Da defesa por demente
Vi até uma morena
Que mentiu por compaixão
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(18)
O pessoal da defesa
Com a sua opinião
Algumas com afoiteza
Mas, contudo sem razão,
Falando a Maria Helena
Com nenhuma convicção
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(19)
É que cada testemunha
Mentindo de fazer dó
A verdade se supunha
Merecem o xilindró
Alguma fica serena
Mas mente por profissão
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão
(20)
O que parece, entretanto,
É que a coisa arrefeceu
Chegou um laudo dum santo
Presidencia renasceu
Parece mudar a cena
Neste final de São João
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão


Antigo engenho de açúcar da zona da mata de Pernambuco, em óleo sobre tela, de minha autoria 2003..
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Ansilgus

30/06/2016 - Nasser Queiroga, grande amigo, colaborou assim:
 
Olha meu amigo Antônio,
vou fazer uma confissão,
tenho no peito uma angústia,
por está situação,
nem mesmo o supremo escapa,
é tudo uma enganação,
a gaiola ta pequena,
pra caber tanto LADRÃO!
 
A tela também é espetacular.... Grande abraço poeta e melhoras para a tua esposa.

 
30/06/16  - Jacó Filho abrilhantou o cordel com esses versos, grato:

Vou acompanhado a cena,
Com apertos no coração.
Das vítimas, tenho pena,
Mas dos corruptos, não.
Quero todos com algemas,
Tornozeleira e grilhão...
A gaiola está pequena,
Pra caber tanto ladrão...
 
 Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos
ilumine... Sempre..

03/07/16 - Carlos Alberto Souza interagiu de modo brilhante:

Aqui tem pobre detido
Por roubar uma manteiga
Mas tem cabra que é bandido
Esbanjando a vil riqueza
Parece não ter mais jeito
É um bordel ou uma nação
A gaiola tá pequena
Pra caber tanto ladrão

Eita conterrâneo porreta! Adorei essa belezura de cordel, nobre amigo
poeta! De pé, meus aplausos!

 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 28/06/2016
Reeditado em 03/07/2016
Código do texto: T5681471
Classificação de conteúdo: seguro
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