Crendice e religião não deixam o homem pensar
O mote que eu vou dizer
Pode até gerar polêmica
Mesmo a turma acadêmica
É capaz de rebater
Vai até querer bater
E também crucificar
Mas bem alto vou gritar
E dizer-lha com razão
Crendice e religião
Não deixam o homem pensar
Para provar o tal mote
Remotarei à memória
Baseada na história
A mesma não dá calote
Tem exemplo de magote
Mas só dois bastam contar
São ótimos para provar
A moral de uma lição
Crendice e religião
Não deixam o homem pensar
Um sábio há de dizer:
Acreditar é moleza
Pensar é que é dureza
Por isso é mais fácil crer
Pois o sol quando nascer
Não vai na terra girar
Essa sim que vai rodar
Por sobre ele então
Crendice e religião
Não deixam o homem pensar
Diria um sábio também
Que a vida é uma sequência
Através da descendência
Não é coisa do além
Mas ficaria refém
Sem poder pronunciar
Forçado a se ocultar
Da doutrina da oclusão
Crendice e religião
Não deixam o homem pensar
A Europa impregnada
De orgulho e arrogância
Pois sobrava ignorância
Pela igreja manobrada
A ciência foi negada
Sem direito a reclamar
Foi forçada a acatar
Com medo da inquisição
Crendice e religião
Não deixam o homem pensar
Galileu assim dizia
Que redonda era a terra
A igreja quase o enterra
Acusado de heresia
Mas que santa hipocrisia
Obrigou-lhe a negar
Teve então que proclamar
Trocar um sim por um não
Crendice e religião
Não deixam o homem pensar
Seus ditos teorizavam
Que o sol é como um veio
Fixado bem no meio
Onde os astros circulavam
Planetas rodopiavam
Incessantes sem parar
Cada qual no seu lugar
No antro da imensidão
Crendice e religião
Não deixam o homem pensar
Galileu foi perseguido
Ultrajado e humilhado
Quase foi apedrejado
Por então ter conseguido
O dilema resolvido
Mas não pôde bem falar
Sem a verdade faltar
Com medo da punição
Crendice e religião
Não deixam o homem pensar
Darwin teve uma ideia
Certamente a mais ousada
Na época considerada
Uma grande verborreia
Foi taxada de epopeia
De ardil para enganar
Acusada de ensinar
A senda da perdição
Crendice e religião
Não deixam o homem pensar
E mesmo assim publicou
Sua polêmica obra
Mas a igreja logo cobra
Exigindo explicação
E Darwin mostra a razão
E tenta então revelar
Que a vida em qualquer lugar
É fruto da evolução
Crendice e religião
Não deixam o homem pensar
Seus estudos foram vários
Sobre a evolução da vida
Uma lida bem sofrida
Com comentários hilários
Papas, bispos e vigários
Chegaram até desenhar
E ridicularizar
Tratando-o como um bufão
Crendice e religião
Não deixam o homem pensar
Finalizando o que penso
Da razão e da demência
A igreja e a ciência
Nunca chegam ao consenso
Enquanto uma queima incenso
A outra vive a estudar
Água terra fogo e ar
Investigando a razão
Crendice e religião
Não deixam o homem pensar