Sair de cena às vezes é preciso
Sofri triste e calado
no silêncio do meu ser
os problemas que vivi
desacatos sem dever
abandonei o meu ofício
da escrita sem querer
lindos textos que guardei
na esperança de reaver.
Meus conceitos enquanto homem
errante e louco, vida minha
não pensei nenhum momento
que já era o fim da linha
fui guardando cada lágrima
juntando às outras que eu já tinha
e fiz delas meu crescer
das minhas prosas, amarelinha.
Deus me olhando lá alto
me cutucava todo dia
faz silêncio, filho meu
tu és meu, és minha cria
as coisas que tu sentes
vão lhe dar uma alforria
faz silêncio, amado meu
barulho não te acaricia.
Se me julgam sonhador
meu mundo todo esmorece
aborreço meia dúzia
que em nada me esclarece
das tristezas que passei
não me deram uma prece
que estancasse o sofrimento
da alegria que carece.
Meu silêncio teve um nome
um motivo a conhecer
que entre todos os milhões
a um apenas obedecer
não buscando no vazio
nas banalidades padecer
se escrevo, por que gosto,
e isto nada tem a ver.
Não quero ser condecorado
nenhum troféu quero erguer
quero apenas ser quem sou
um bom aluno do saber
se sei muito, nada sei,
se nada sei, quero aprender,
que o que manda nesta vida
é o meu íntimo obedecer.
A voz que cala se faz ouvir
nas entrelinhas da tristeza
não será pelo barulho
que exporei minha frieza
dos problemas que passei
me senti sem a presteza
de meus versos explanar
causando apenas estranheza.
Amanhã posso de novo
ao meu silêncio obedecer
não careço da aprovação
de quem não sabe meu viver
quero apenas meus preceitos
explicados ao meu ser
organizando meus restinhos
só vivendo pra saber.