BRASILEIRO NUM TEM JEITO
Com licença, por favor
Deixa eu furar essa fila
Tenho pressa, meu senhor
Pra passar na padaria
E o senhor tem mais paciência
Com seus cem anos de vida.
Com licença, motorista
Aí ainda tem espaço?
É só pôr a dona de banda
E a criança vai no braço
Eu vou encima do automóvel
E o cobrador pode ir embaixo.
Eu sempre gostei de circo
E sonho em ser participante
Mas o preço do ingresso
É o que me deixa tão distante
Seu moço, aceita desse véio
Carteirinha de estudante?
No ônibus vejo a cena
De viagem em viagem
Um senhor de oitenta anos
Só pra não pagar passagem
Passa por baixo da catraca
E sempre leva mais vantagem.
O rapaz pagou a fruta
E recebeu um troco a mais
O vendedor, meio confuso
Foi perguntar ao rapaz:
Eu te dei o troco errado?
E ele respondeu: jamais!
Pirataria é um crime
E quem ainda não sabia?
Mas tá em tudo que é canto
E vende mais que drogaria
Até o cantor deixa os palcos
Pra ir vender pirataria.
E sempre em tempo de eleição
Bate um político em minha porta
bota a mão dentro do bolso
E vai me passando as notas
Diz: lembrem de votar em mim!
E não é que o povo vota?
De um jeito ou de outro
O brasileiro dá um jeitinho
Mas acaba se enforcando
Sem nem puxar o banquinho
Porque uma coisa é ser esperto
E outra é ser bem malandrinho.