Gracinha e a transa filosófica.
Gracinha era pobre por parte do pai
Mas assim como sua mãe, era uma rameira culta
Na quarta série noturna do mobral
Gracinha decidiu virar prostituta
Foi numa cantada do colega de sala
Gracinha percebeu que já era safada
Comprou uma bolsinha e foi à luta
Com quem sair ela tinha
Eram varias propostas por dia
Mal percebia Gracinha
O português que lhe traia
Tiziu chegou com uma conversa
Mas não esperava por essa
A resposta ele não sabia
Gracinha acertou o preço
Tiziu escolheu o local
Não tirava o olho dos peitos
Conferindo o material
Ela quis saber se seria efêmero
Tiziu não conhecia do gênero
La se foi seu bacanal
Até Chicão o curador
Desse mal padeceu
No momento do amor
A vista lhe escureceu
Ela queria uma massagem na vulva
Bem delicada como se chupasse uma uva
Mas Chicão não entendeu
Ninguém chegava ao final
Não havia quem desse umazinha
O cabra ficava atordoado
Não sabia que diabo ela tinha
Até mesmo o maior salafrário
Tinha que ter um dicionário
Na hora de deitar com gracinha
-A senhora ainda é rameira?
-Não, eu faço programa
O doutor matou a charada
Levou Maria das graças pra cama
Do jeito que ninguém fez
O doutor manjava do português
Tratou-lhe como uma dama
Com base nas suas premissas
O doutor ganhou seu coração
Graça gostava de afago
Para anteceder a devassidão
Ele porém deslizou num vocábulo
Como um cavalo no estábulo
Vacilou e perdeu a razão
Gracinha nunca foi no cinema
Desejo pequeno, nada demais
Manifestou seu desejo ao doutor
Ela não esqueceria jamais
Foi então que o doutor confirmou
Mas com as palavras se atrapalhou
Ele disse “Mais tarde nóis vai”.
Gracinha foi tocar sua vida
Com toda a adversidade
Terminou os seus estudos
Chegou a mudar de cidade
Continuava mulher-de-mau-porte
Mas arrumou um homem ainda mais forte
Virou rapariga do reitor da universidade
São Paulo, sétimo dia do mês das noivas de dois mil e dezesseis, Ano do nosso senhor Jesus Cristo.
Laudo Costa.