A ovelha perdida

Numa terra mui distante

Um casal sobreviveu

La fez algo interessante

Isso nunca percebeu

Ao chegar o seu instante

Grande paga recebeu.

O casal do qual vos falo

Vivia na sua messe

Cada um no seu trabalho

Dava ao outro o que pudesse

Nunca procurando atalho

Guardava o que pudesse.

Cada um dava de si

Como o dever mandava

De nenhum deles ouvi

Nem sequer uma palavra

Com a qual me aborreci

Quando la eu descansava.

Era um lar estruturado

De um amigo inteligente

Sempre muito ajuizado

Bem disposto e competente

Nele eu fui alimentado

Com comida sempre quente.

Todo dia bem cedinho

A madame levantava

Preparava um cafezinho

Enquanto um pão ela assava

E levava bem quentinho

Pro marido que a amava.

Pra cumprir sua rotina

O marido preparava

Calçava a sua botina

E a mulher o aguardava

Viam o sol que descortina

E a lua que se apagava.

A família era feliz

Com suas limitações

Pôs o filho de aprendiz

Num lugar de fazer pães

Mas o filho isso não quis

Preferiu as tentações.

Preferiu mudar de vida

Pra viver nova aventura

Numa rua conhecida

Com a rua da amargura

Muito difícil a saída

Porque sempre está escura.

O rapaz viveu na rua

Foi mendigo e criminoso

Dirigiu a sua vida

Prum caminho perigoso

Soube que a polícia atua

Sempre de modo acintoso.

Certo dia ao caminhar

Ouviu um grito de dor

Era alguém a lamentar

De abandonar o amor

E estava a escutar

O seu eu interior.

Era uma voz conhecida

De um pai abandonado

Que estava aborrecido

Vendo o filho mal falado

O seu filho era um bandido

Sempre muito procurado.

A mãe se desesperou

Com o que era falado

Na cadeia o procurou

Porém preso não estava

Então ela se lembrou

Que aquele filho a amava.

Foi em busca desse filho

Na rua da perdição

La sentiu um novo brilho

No olhar de outro irmão

Que dizia em estribilho

Sou a paz na solidão.

Como estranhos se encontravam

Querendo a coisa comum

E enquanto se olhavam

Ia surgindo mais um

Assim eles aumentavam

A fila com ais algum.

Enquanto a fila crescia

A mãe se desesperava

O seu filho ela não via

Não sabia onde ele estava

Quando não mais resistia

Disfarçada ela chorava.

Foi então que um senhor

De olhar bem compassivo

Disse a ela, por favor,

Mantenha o olhar altivo

Com o remédio do amor

Você fez do morto um vivo.

O seu filho está voltando

Para o lar que abandonou

Ele está quase chegando

O seu pai o avistou

E os dois se abraçando

Esqueceram quem errou.

Você soube perdoar

Enfrentou a ingratidão

Por ser mãe só sabe amar

Sempre dividindo o pão

Pra você vou revelar:

Sou Jesus, sou seu irmão.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 07/05/2016
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