O matuto na cidade
O matuto quando vem para a cidade
Vem de moto, pois não anda mais de jegue
Para a casa de recurso ele já segue
Prá exercer sua sexualidade
Qualquer rabo de saia é novidade
E lhe deixa totalmente saciado
Monta na motoquinha e sai vexado
Prá encontrar os amigos de cachaça
Para a moto numa sombra lá na praça
Segue a pé para dentro do mercado
Passa horas com os amigos pela feira
Conversando pabulagem e valentia
Já suado no pingo do meio dia
Parecendo uma tampa de chaleira
Com pouquinhos reais na sua carteira
Prá pagar a lapada de imbira
Bota a mão no bolso e de lá tira
Fumo preto prá fazer um pé de burro
Dá um arroto que mais parece um esturro
Cheirando a tira-gosto de traíra
Quando nota está no meio de tarde
E ele parcialmente embriagado
Fica em pé meio desequilibrado
E suplica que o amigo lhe aguarde
A quentura do sol que ainda arde
Melhora de uma vez sua ressaca
Vai prá praça, pega a moto e sua faca
E volta para casa cabisbaixo
Pilotando a motinha rua abaixo
Todo sujo, fedorento, com inhaca