O matuto na cidade

O matuto quando vem para a cidade

Vem de moto, pois não anda mais de jegue

Para a casa de recurso ele já segue

Prá exercer sua sexualidade

Qualquer rabo de saia é novidade

E lhe deixa totalmente saciado

Monta na motoquinha e sai vexado

Prá encontrar os amigos de cachaça

Para a moto numa sombra lá na praça

Segue a pé para dentro do mercado

Passa horas com os amigos pela feira

Conversando pabulagem e valentia

Já suado no pingo do meio dia

Parecendo uma tampa de chaleira

Com pouquinhos reais na sua carteira

Prá pagar a lapada de imbira

Bota a mão no bolso e de lá tira

Fumo preto prá fazer um pé de burro

Dá um arroto que mais parece um esturro

Cheirando a tira-gosto de traíra

Quando nota está no meio de tarde

E ele parcialmente embriagado

Fica em pé meio desequilibrado

E suplica que o amigo lhe aguarde

A quentura do sol que ainda arde

Melhora de uma vez sua ressaca

Vai prá praça, pega a moto e sua faca

E volta para casa cabisbaixo

Pilotando a motinha rua abaixo

Todo sujo, fedorento, com inhaca

Jhoracio
Enviado por Jhoracio em 27/04/2016
Código do texto: T5618192
Classificação de conteúdo: seguro