AH! SAUDADE DE PACOTI
Ah! Saudade de Pacoti
Do tempo dos cambiteiros;
Do cheiro do mel de cana
Que enchia o povoado inteiro;
Do café posto a secar
Ao sol nos grandes terreiros.
Das alunas de tamancos
Para o Menezes Pimentel
Dos internos do São Luís
Em fila como em quartel.
Da garapa, rapadura,
Do alfinin e do bom mel.
Ah! Saudade de Pacoti
Dos personagens folclóricos.
Do Sítio da Cármen Freire.
E dos casarões históricos.
Do seu Esmeraldo de Matos
Receitando paregórico.
Do senhor Luís Pimenta
Com as suas peças teatrais.
Lá do Alto da Matança,
Da família dos Tomaz.
Das tertúlias do Rochinha,
E dos velhos carnavais.
Do cine do Claudimiro
O famoso Caramuru.
Das mocinhas em férias
Na casa da dona Candu.
Do Mané Cego, Berreca,
Papa Lagarta e Bambu.
Do senhor Primo Gomes,
No seu jeep, bem devagar.
Do Alto do Bode, dos Fidelis,
E do finado Vavá.
Da padaria do Silveira.
Do bar do Aluísio Jucá.
Dos Dorme-Sujos, Mundola.
Até mandaram derrubar
Casa da Jesus Pimenta
Eo mercado do lugar.
Das professoras Holandas
Do antigo grupo escolar,
Onde Nilce Gomes Moura
Foi muitos anos diretora.
Da Lilaí, da Duquinha,
Nossas antigas professoras.
Em cima da prefeitura
Tinha velha radiadora
Onde todo dia tocavam
Os sucessos do momento,
Vicente Pinheiro botava
Pra nosso deslumbramento.
Da energia seu Malaquias
Tinha o gerenciamento.
Dos guardas do DNERU,
Famosos mata-mosquitos.
Do Posto de Pericultura,
Da bodega do Expedito.
Do Raimundo Carne Assada
Apelido bem esquisito.
E do Raimundo Fidelis
Chamando-nos de criatura
Da Padaria do Mundola
Bem Perto da prefeitura
Sebastião Bolo Cru
Sempre contando bravura.
Tarcísio sem braço era
Levado pela cintura
Para cantar nas bodegas.
Aquela pequena figura.
Que tinha uma voz bonita
E cantava com doçura.
Ah! Saudade do Pacoti
E do seu clima ameno.
Quando o rio Pacoti
Corria limpo e sereno,
E para matar caramujo
Nele jogavam veneno.
Pacoti dos Bastos, Gomes,
Dos Pimentas e Silveiras,
Dos Jucás, Neponucenos,
Como também das suas freiras,
Assim como dos Titelas,
Do seu Zu e do Oliveira.
Do doutor Luís Sampaio
E do sítio do Bitonho,
Do Heitor Ferreira Lima.
Peço não fique tristonho,
Aquele que foi esquecido.
Não quero me alongar muito
E me tornar enfadonho.
AH! Saudade de Pacoti
De minha infância querida.
Das brincadeiras juvenis
E do começo da vida.
Guardadas no fundo da alma
No coração adormecidas.
HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
FORTALEZA, ABRIL/2016