Um novo cangaço
 
Os tempos vão se passando
E os costumes não se tocam
Ou por outra, recrudescem
Crescem e acham outras tocas
Se espalham feito zumbis
Contaminam o pais
E agora a Inês é morta
 
No Nordeste do cangaço
Lampião era um caboclo
Que uns dizem que a serviço
Não só dele, mas de outros
Saia pelas cidades
Saqueando à vontade
Quem peitasse tinha o troco
 
Muita gente o admirava
Misturado com temor
É que o homem contemplava
Tal um zorro das picadas
Com sua versão de amor
Se das caatingas brotava
Com as coisas que saqueou
 
Os coronéis do outro lado
Se sentiam incomodados
E apesar dos mal falados
Fecharam com o poder
A história todos conhecem
A oficial prevalece
O resto é pra se esquecer
 
Vagava então a volante
Atrás de pistas do bando
Sob um sol escaldante
Pelo sertão se embrenhando
Nos percalços do encalço
Sofriam o mesmo cansaço
Dos perseguidos adiante
 
Não obstante o caminho,
Ter escolhido o cangaço,
Lampião tem um carinho
Na lembrança dos seus passos
De parte de quem o espinho
De dos seus feitos mais daninhos
Convertera-se em bons atos
 
Hoje a moderna volante
Se embrenha noutra caatinga
Os coronéis saltitantes
Pulam pra o lado que vinga
O povo, agora, nação
Fica de queixo na mão
Pasmo de ver tanta ginga
 
Evidentemente o caso
Não é pra comparação
Face à dimensão dos dados
E a indefinição
De quem é mesmo o indicado
Por mais que se pense, é errado
Já apontar um Lampião
 
Esse bando é muito grande
Os trajes são semelhantes
Os personagens amorfos
Cangaceiros e volantes
E mais uma vez a história
Tende a repetir a inglória
Oficialização de antes