O conselho do tempo
Na linha do horizonte
Que estava à minha frente
Eu vi o cume do monte
Onde havia muita gente
Pra pegar água na fonte
Pois a sede era inclemente.
Caminhei na direção
Para ver o que havia
Encontrei a procissão
Que para o monte seguia
Caminhava em oração
E para chover pedia.
Eu olhei para o andor
La estava uma imagem
Feita com muito primor
Enfeitada com ramagem
Representava o calor
Que do sol tira vantagem.
Eu segui a procissão
Para ver se ao final
Haveria alguma ação
Que não fosse a usual
Ou então só frustração
Para todo o pessoal.
Eu segui bem devagar
Andando de passo em passo
Comecei raciocinar
E fiquei em embaraço
Se eu não aprendi rezar
E agora, o que eu faço?
Alguém leu meu pensamento
E me disse bem baixinho
Siga o meu ensinamento
Sem sair do seu caminho
Abandone o sofrimento
E não caminhe sozinho.
Eu fiquei preocupado
Com aquele cidadão
Conhecia o meu pecado
Mas me deu sua atenção
Mesmo sendo eu atrasado
Sem saber da pregação.
Desisti de aprender
As preces tão repetidas
Resolvi compreender
As mensagens que eram ditas
Só então pude entender
A mensagem que há na vida.
Nossa vida tem lembrança
De antes do nascimento
Mesmo na ignorância
Temos o pressentimento
Que antes de ser criança
Já lutamos com o tempo.
Nessa luta que travamos
Somos sempre perdedores
O tempo com qual lutamos
Trás também muitos favores
Dele sempre precisamos
Pra curar as nossas dores.
O tempo então me disse
Guarde a sua conclusão
Antes que alguém me visse
Veio em minha direção
Alguém pra cuja crendice
Não havia solução.
Eu fiquei ali parado
Sem saber o que fazer
Quando ouvi alguém ao lado
Dizendo para eu dizer
Que crendice é um pecado
Atrapalha o aprender.
Foi então que resolvi
Dar a minha opinião
Disse que o que eu vi
Era somente ambição
De ser santo e então ir
Viver de contemplação.
Então o tempo me disse
Vá em frente pregador
Sua voz não é mesmice
Você é bom pensador
Você tem o compromisso
De servir ao criador.