O VALANTE AMÂNCIO
Oi seu menino, eu vou lhe contar uma prosa
arredia o pé da orelha, senta nesse banco
que vou lhe contar agora
o que se a sucedeu com o brabo Amâncio.
O caba era daquele bicho danado
mais azedo do que limão verde
de pega onça pelo rabo
e jogar no ar como se fosse uma rede
Oi; esse cara, não tinha coração, não
com a faca era um diabo
com ele não tinha perdão
doido com ele se atracasse já era difundo enterrado
Mais um dia esse caboclo sem querer
foi ferido por uma seta da paixão
se lascou se na vida a sofrer
querendo arrancar até o coração
Ai, quem sabe; essa má dita ilusão
saísse como assim entrou
mas não é fácil desatracar essa paixão
quando gruda é pra lascar o sofredor
olhe seu doutor, só quem ti viu, quem te ver
Amâncio homem valente e destímido
agora de arreio na boca e sem poder se mexer
escravo por um rabo de saia era seu destino
alguém já disse que viu ele por ai
um molambo andando pelo sertão
morreu a míngua foi o seu fim
de amar por demais no seu coração.
olhe aqui sou homem por inteiro
pode crer que não estou mentindo
uns dizem que o Amâncio era companheiro
do cangaceiro capitão Virgulino
autor nildoaires