Terra de ninguem.
Sou a terra de ninguém
Não suporto a vaidade
Todo aquele que aqui vem
Vê em mim necessidade
Sou terreno de alguém
Que só vive de maldade.
Em mim só há malquerer
Vivo em plena anarquia
Todo aquele bem-viver
Não faz parte do meu dia
Pois em mim só há prazer
Quando encontro covardia.
Sou deserto de mim mesma
Não encontro sentimentos
Para a paz sou como a lesma
Sigo a passos muito lentos
Sou também a abantesma
Escondida em sofrimentos.
Como a face do pecado
Sou perdida em traição
Com o covarde lado a lado
Sigo a minha negação
Para aquele que é malvado
Sou a sua direção.
Quando vejo um destemido
Logo dou o meu recado
Meu caminho e bem temido
É pra homem debochado
Não aceito homem caído
Muito menos educado.
Toda a minha onipotência
É tirada do armamento
Desse veio a violência
Que vivo a todo momento
Sou da morte referência
Sou do ódio ornamento.
Em mim se encontra a ira
Estimulo o sem razão
No meu solo o mundo gira
No fazer do valentão
Que da sua arma tira
O poder da direção.
Vejo o probo ser malhado
Pelo cínico cruel
Faço o pobre ser criado
Do mais falso coronel
No caminho mal cuidado
Sempre tenho algum bordel.
Faço a minha sinecura
Nos lugares mais remotos
Pra levar a amargura
Ajo como maremotos
E alguém que a mim procura
Busca alguém só pelas fotos.
Levo a fama que eu tenho
Na mochila do estudante
Ante Deus não me detenho
Me fizeram um ser gigante
E se hoje aqui eu venho
É por causa intrigante.
Por que sou assim não sei
Eu nunca me fiz assim
Desde quando comecei
Não queria ser ruim
Entretanto o que falei
Nessa voz puseram um fim.
Hoje estou com a voz calada
Sinto muito, mas insisto
Sou deveras fracassada
Tanto horror eu não resisto
Talvez seja a minha estrada
Nessa quero encontrar Cristo