Desafiando Zé Limeira
Desafiei Zé Limeira
Dentro do sítio Tauá
Saí correndo de lá
Só fui parar em Teixeira
Era o dia da feira
O mercado estava cheio
Vinha um menino feio
Chupando um pirulito
Me assustei, dei um grito
Dizendo: Saia do meio
Zé Limeira me alcançou
Calçando uma aprecata
Trazia um pote de nata
Em cima de mim jogou
Nisso Lampião gritou
Limeira solte o menino
Não cometa desatino
Senão lhe deixo capado
O sacristão assombrado
Começou tocar o sino
Pulei uma cerca alta
Com dez arames farpado
Corri dentro do cercado
De noite cheguei em Malta
Inda hoje eu sinto falta
Do que eu deixei por lá
Meu zabumba e meu ganzá
Se perderam da carreira
Nunca mais vi Zé Limeira
Nem fui no sítio Tauá
Disseram que ele morreu
Cantando sua Pavoa
Nem disse adeus a patroa
Quando se escafedeu
O céu se estremeceu
Caiu uma chuva de gelo
Foi de cair o cabelo
Deixando o quengo careca
Tanto faz Zé como Zeca
Montado sobre um camelo
Zé Limeira só deixou
Suas histórias prá contar
Se não quer acreditar
É porque nunca escutou
Na sala que ele cantou
Todo mundo o aplaudia
Cantava com alegria
Não guardava desaforo
O povo gritava em coro
Adeus, até outro dia