Desafiando Zé Limeira

Desafiei Zé Limeira

Dentro do sítio Tauá

Saí correndo de lá

Só fui parar em Teixeira

Era o dia da feira

O mercado estava cheio

Vinha um menino feio

Chupando um pirulito

Me assustei, dei um grito

Dizendo: Saia do meio

Zé Limeira me alcançou

Calçando uma aprecata

Trazia um pote de nata

Em cima de mim jogou

Nisso Lampião gritou

Limeira solte o menino

Não cometa desatino

Senão lhe deixo capado

O sacristão assombrado

Começou tocar o sino

Pulei uma cerca alta

Com dez arames farpado

Corri dentro do cercado

De noite cheguei em Malta

Inda hoje eu sinto falta

Do que eu deixei por lá

Meu zabumba e meu ganzá

Se perderam da carreira

Nunca mais vi Zé Limeira

Nem fui no sítio Tauá

Disseram que ele morreu

Cantando sua Pavoa

Nem disse adeus a patroa

Quando se escafedeu

O céu se estremeceu

Caiu uma chuva de gelo

Foi de cair o cabelo

Deixando o quengo careca

Tanto faz Zé como Zeca

Montado sobre um camelo

Zé Limeira só deixou

Suas histórias prá contar

Se não quer acreditar

É porque nunca escutou

Na sala que ele cantou

Todo mundo o aplaudia

Cantava com alegria

Não guardava desaforo

O povo gritava em coro

Adeus, até outro dia

Jhoracio
Enviado por Jhoracio em 04/03/2016
Reeditado em 06/03/2016
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