SODADE DAQUELE TEMPO...

Só de pensá já dá sodade,

de quando morava lá no mato,

andava discalso, e tinha os camim

de passá pá ir buscá água, ir pro chiquero

tratá do porcos, ir pá roça, e otos lugá.

Mais pá ir pá escolinha, calçava o sapato de

burracha, todo rachadim no calcanhá, mais lá

na escola tirava, na ora do recreio, ia jogá bola,

pá num istragá. De vez inquando calçava tamém,

uma ves pur meis, pá ir na missa.

Vistia aquelas camisetinhas que deixava vê o imbigo

e uns calçãozim de cortá tijolo, maravilha,

tudo isso nóis ganhava dos primo de Brasília.

A vida na roça cumeçava cidim, mãe chamava nóis

pá ajudá ela a trabaiá, nois num tinha gado, mais nóis

tinha muita galinha pá tratá, buscava milho na roça

pra elas e pus porco cumê e ainda trazia feijão verde

pá dibuiá pu almoço.

Pai era carpintero dos bão, tinha pôca ferramenta, mais

muita dedicação, fazia, mesa, cadeira, porta, sem usar

um prego, tudo incaxadim na madera, lembro cumo se

fosse hoje dos côro que tomava purque num trabaiva

direito, é pai era bravo.

Me lembro e tenho sodade daquele tempo...

Luizz.

Luizz
Enviado por Luizz em 28/02/2016
Reeditado em 12/03/2016
Código do texto: T5558119
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