SODADE DAQUELE TEMPO...
Só de pensá já dá sodade,
de quando morava lá no mato,
andava discalso, e tinha os camim
de passá pá ir buscá água, ir pro chiquero
tratá do porcos, ir pá roça, e otos lugá.
Mais pá ir pá escolinha, calçava o sapato de
burracha, todo rachadim no calcanhá, mais lá
na escola tirava, na ora do recreio, ia jogá bola,
pá num istragá. De vez inquando calçava tamém,
uma ves pur meis, pá ir na missa.
Vistia aquelas camisetinhas que deixava vê o imbigo
e uns calçãozim de cortá tijolo, maravilha,
tudo isso nóis ganhava dos primo de Brasília.
A vida na roça cumeçava cidim, mãe chamava nóis
pá ajudá ela a trabaiá, nois num tinha gado, mais nóis
tinha muita galinha pá tratá, buscava milho na roça
pra elas e pus porco cumê e ainda trazia feijão verde
pá dibuiá pu almoço.
Pai era carpintero dos bão, tinha pôca ferramenta, mais
muita dedicação, fazia, mesa, cadeira, porta, sem usar
um prego, tudo incaxadim na madera, lembro cumo se
fosse hoje dos côro que tomava purque num trabaiva
direito, é pai era bravo.
Me lembro e tenho sodade daquele tempo...
Luizz.