A fonte da vida.
Recusei conhecimento
Fazendo o que não devia
E fiquei perdendo tempo
Ouvindo o que não queria
Acabei me envolvendo
Com o que não poderia.
Não ouvi o conselho dado
Por quem conhece o caminho
O julguei ultrapassado
Por ser velho e estar sozinho
Mas depois do resultado
Caminhei sobre os espinhos.
Assinei minha sentença
Quando disse o que faria
Desprezei a consciência
Que era boa companhia
Cometi a imprudência
De fingir que esquecia.
Mesmo sabendo enganado
Procurei seguir adiante
Apesar do passo dado
Prossegui ignorante
Sendo sempre ignorado
Acabei um caminhante.
Li o destino na folha
Que o vento balançou
Pensava não ter escolha
Seria sempre o que sou
Meu sentir naquela folha
Foi tudo o que me restou.
Larguei meus antepassados
Pra seguir o meu destino
Foram muitos passos dados
Sem um destino e sozinho
Encontrei os apressados
Que cansaram no caminho.
Vi no meio da estrada
Uma fonte de água fria
Estava sendo guardada
Por um guarda que sorria
Disse que seria dada
Para quem sede sentia.
Eu então entrei na fila
Para me dessedentar
Recebi uma pastilha
Para me alimentar
Depois uma sapatilha
Para melhor caminhar.
Perguntei se a água vinha
Quando eu a tomaria
Disse o guarda que não tinha
Tempo nem sabedoria
Pra saber que a água minha
Quando eu receberia.
Eu sentei para esperar
Pela água prometida
Quando alguém veio avisar
Que eu estava de partida
Eu devia caminhar
Até a fonte perdida.
Perguntei que fonte é essa
Que nunca ouvi falar
Ele disse que a pressa
Impediu-me de olhar
Mas agora o que interessa
Era eu a encontrar.
Comecei a caminhar
Rumo ao desconhecido
Vi alguém me acenar
Dando um sorriso amigo
Eu tentei me aproximar
Ele disse vem comigo.
Fui com ele caminhando
Ele disse logo após
Sua água está brotando
Distribua entre nos
Sua sede está passando
Já não estamos a sós.
Só aí eu entendi
Que a água era a fé
Eu um dia a destruí
Hoje sei como ela é
E por isto eu consegui
Encontrar a minha sé.