O Matuto que perdeu a Mulher pro Facebook

I

Seu doutô, minha muié

Que se chama Marinete

Com esse tá de Frei Cibuqui

Virou foi Marionete

Tá de cabeça virada

Fica até de madrugada

Cutucando esse negócio.

Já tô pra ficar maluco

Faz um mês que não “cutuco”

Vim aqui pedir divórcio.

II

Lá na roça que nós mora

Herança do meu avô

Que ficou para meu pai

E papai pra mim deixou

Ninguém mais quer trabaiá

Só quere vagabundá

Nessa tá de Internet

Doutô, parece doença

E tem causado desavença

Entre eu e Marinete

III

Quando num tinha inergia

Nem rádio e televisão

Todo ano era um menino

Mas hoje, nasce mas não!

Nos primeiro 7 ano

Nasceu; Raimundo, Caitano

Francisco, Antônio e José

Marieta e Maristela

A última, formosa e bela

"Meio mundo de muié!"

IV

E foi justamente essa

Que mora lá pra cidade

Que achou de aparecer

C’uma grande novidade.

Um tá Smatfone.

Que tem rádio, telefone

Tevê e computadô

Mil coisa num troço só

Eu juro por minha vó:

Foi o cão que inventou!

V

Ah, pois veja: Marinete

Que é metida a muderna

E que vive me chamando

Dum tal homi das caverna

Fez eu vender 3 galinha

Uns poiquim e umas cabrinha

Que tinha lá no terreiro

Pra comprar o aparei

No começo até achei

Que valeu mermo o dinheiro.

VI

Mas tem um prano de dado

Qui faz eu gastar num mês

O que gasto pra pagar

10 trabaiadô d’uma vez!

Mas ela diz qui compensa

Qui a faz grande diferença

Na hora de navegar...

Só se for numa canoa

Lá no rio ou na lagoa

Qui na roça num tem mar.

VII

Era tanto novidade

Que num acabava mais

Umas rede diferente

Chamada de sociais.

Deferente dessa rede

Que se arma na parede

Pra gente se balançá

Era a rede da Internet

O xodó de Marinete

Eu aqui e ela lá...

VIII

Eu na rede de varanda

Onde nós fazia amô.

Gritava: vem Marinete

Vem pra rede q’eu estou!

Vem matar a minha sede...

Mas ela na outra rede

Nem se quer me escutava

Eu tão perto, ela tão longe

Tava igual vida de monge

A vida que nós levava.

IX

Ah, pois isso num tá certo

Eu trabaio o dia inteiro

De noite não tem carim,

Cafuné, nem mermo um cheiro!

Fui falar com Marinete

Pra deixar aí Internet

Sabe o que ela arrespondeu?

-Não me interrompa, seu trapo

Que tô batendo um papo

Aqui com um amigo meu!

X

Num entendo essas coisa

Como isso acontece

Dizer qui é seu amigo

Alguém qui ela nem conhece!

- não é amigo real

É amigo virtual

Cê nem sabe o que é isso

Pois você nasceu quadrado

Vai dormir, seu abestado

Pra manhã ir pro serviço.

XI

Resolvi esmiuçar

A vida de Marinete

Pra saber o que ela andava

Fazendo na Internet.

Ela virou uma onça

Escondeu a gerigonça

Falou com brutalidade

Bem alto pra eu ouvir:

-Você não pode invadir

A minha privacidade!

XII

Parecia advogada

Toda cheia dos direito!

Num sei onde ela aprendeu

A falar daquele jeito.

-Sua atitude é patética

Invasiva e antiética.

Posso até lhe processar

Por danos materiais

Psicológico e morais

Se você me vigiar.

VIII

Lá em casa a cozinha

Num tem cheiro de comida

Durante a manhã todinha

Ela fica intertida

Cutucando esse negócio

Que cismou de ser meu sócio

É um tá de...Zap Zap!

Dizem que muié casada

Que por ele for fisgada

Num tem uma que escape!

XIV

E o tá do Frei Cibuqui

Que se diz religioso...

Mas é um “rabo de burro”

E muito mais perigoso!

Esse é um dissimulado

Na verdade é um safado

Iludidor de muié.

Primeiro iludiu a minha

E agora a nossa vizinha

Só faz tudo que ele qué.

XV

Já sabe onde ela mora

Quantos filhos ela tem

Sabe da idade dela

E do marido também.

Cumpade João Pimpolho

Disse: homi abra do olho

Escute o que vou dizê:

Não sou homi de fuxico

Num gosto de mexerico

Mas vou alertar você.

XVI

Tão falando por aí,

Quem disse foi Zé de Zuza

Que o cumpade tá usando

Aquilo que o boi usa.

-Pra evitar mais conversa

Doutô, resolva depressa

A nossa situação

Num vou botar “pano morno”

Posso até ter sido corno...

Continuar sendo, não!

Tião Simpatia
Enviado por Tião Simpatia em 18/02/2016
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