O vento

O vento.

Eu, o vento, sou constante

Mas não tenho direção

Para o mar sou importante

Faço onda em turbilhão

Sou também muito possante

Pois derrubo a construção.

Não dou voltas, sou direto,

Também tenho predicados

De ninguém sou objeto

Nunca pude ser comprado

Muitas vezes sou discreto

Com o ar sou comparado.

Minha força é violenta

Às vezes incontornável

Fraco arbusto me agüenta

Faço o fogo incontrolável

Esfrio de forma lenta

Faço o seu lar confortável.

Sou aquele que combina

Com o sol para fazer

A pastagem na campina

Onde o gado vai comer

Onde a ave de rapina

Irá se satisfazer.

Não estou preocupado

Se as flores despetalam

Esse é o outro lado

Sobre o qual muitos se calam

Mas prossigo dando ao prado

As sementes que não falam.

Vou levando o sentimento

De prazer por convergir

Para o nobre sentimento

De quem pensa em produzir

Com trabalho o alimento

Que alguém vai consumir.

Foi pensando nesta frase

Que passei a permitir

Que de mim fizessem a base

Do que ha pra construir

Pois em mim está a base

Do poder de destruir.

Entretanto a minha força

Não depende só de mim

Ela é tal menina-moça

Que caminha pro seu fim

Pede que ninguém distorça

Pois não é tão má assim.

Lutos, dores, compaixão,

São sentimentos que duram

Sempre trazem solidão

Mas com o tempo se curam

Mais depressa se a mão

Dou àqueles que a procuram.

Vim dizer que sou o vento

Com o sol travo um combate

Porém sempre estou atento

Senão ele me abate

Não entende o meu intento

Sempre foge do debate.

Sou bastante destemido

Mas suporto desaforo

Meu labor às vezes tido

Como que de mau agouro

Mas não fico aborrecido

No deserto sou tesouro.

Muito tempo eu procurei

Quem pudesse assim falar

Devagar eu encontrei

Quem pudesse divagar

Sobre tudo o que eu dei

Entretanto sem cobrar.

Queiram ter a paciência

De a mim compreender

Não sou eu a violência

Que se deve mais temer

Sempre tenho a competência

De meus males resolver.

Posso então me despedir

Com o vento que me trás

Vou com ele competir

Para não ficar atrás

Porque penso em me sentir

Livre como um alcatraz.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 12/02/2016
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