<>O POETA E ZÉ MINEIRO<>

Numa linda quarta-feira

Começando fevereiro.

Foi composto este cordel,

Por um vate brasileiro,

Poeta muito inspirado,

Mas quase nunca lembrado

Nas terras do Zé Mineiro.

Pois Zé Mineiro odiava

O tal poeta em questão

Desde que a própria filha

Confessou sentir paixão

Por aquele cordelista

Para ela um artista

Dono de seu coração.

A moça apaixonada

Passava o dia sonhando

Não falava com ninguém,

Ficava apenas pensando,

Pensando numa maneira

De ir logo pra ribeira

E lá ficar namorando.

Todos os dias à tardinha,

Os dois ali se encontravam.

E entre abraços e beijos,

Loucamente se amavam

Dum jeito impressionante,

Um querer alucinante

Que quase nem respiravam.

Mas um dia Zé Mineiro,

Pegou os dois em flagrante

Do jeitinho que nasceram

Ambos nus e ofegantes,

Ficaram envergonhados

Que nem olhavam pros lados

O casalzinho de amantes.

E naquela mesma noite,

Por certo de madrugada

Antes d’ o galo cantar,

O poeta e sua amada.

Ele todo prazenteiro,

Co’a filha do Zé Mineiro,

Sumiu seguindo a estrada.

Este fato aqui narrado

Por esse vate paulista

Que conhece todo o mundo

Por conviver com artistas.

Conheceu o Zé Mineiro,

Sujeito muito matreiro

Que fugia sem deixar pistas.

Atualmente Zé Mineiro,

Ainda reclama da queda

Que o tal poeta lhe deu

Levando a sua filha Leda.

Hoje vive só chorando,

Mas sabe que está pagando

Com a mesmissíma moeda.

Roberto Jun
Enviado por Roberto Jun em 03/02/2016
Reeditado em 24/12/2018
Código do texto: T5532462
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