<>O POETA E ZÉ MINEIRO<>
Numa linda quarta-feira
Começando fevereiro.
Foi composto este cordel,
Por um vate brasileiro,
Poeta muito inspirado,
Mas quase nunca lembrado
Nas terras do Zé Mineiro.
Pois Zé Mineiro odiava
O tal poeta em questão
Desde que a própria filha
Confessou sentir paixão
Por aquele cordelista
Para ela um artista
Dono de seu coração.
A moça apaixonada
Passava o dia sonhando
Não falava com ninguém,
Ficava apenas pensando,
Pensando numa maneira
De ir logo pra ribeira
E lá ficar namorando.
Todos os dias à tardinha,
Os dois ali se encontravam.
E entre abraços e beijos,
Loucamente se amavam
Dum jeito impressionante,
Um querer alucinante
Que quase nem respiravam.
Mas um dia Zé Mineiro,
Pegou os dois em flagrante
Do jeitinho que nasceram
Ambos nus e ofegantes,
Ficaram envergonhados
Que nem olhavam pros lados
O casalzinho de amantes.
E naquela mesma noite,
Por certo de madrugada
Antes d’ o galo cantar,
O poeta e sua amada.
Ele todo prazenteiro,
Co’a filha do Zé Mineiro,
Sumiu seguindo a estrada.
Este fato aqui narrado
Por esse vate paulista
Que conhece todo o mundo
Por conviver com artistas.
Conheceu o Zé Mineiro,
Sujeito muito matreiro
Que fugia sem deixar pistas.
Atualmente Zé Mineiro,
Ainda reclama da queda
Que o tal poeta lhe deu
Levando a sua filha Leda.
Hoje vive só chorando,
Mas sabe que está pagando
Com a mesmissíma moeda.