A escada da vida

No degrau de uma escada

Ouvi uma voz pausada

Dizendo ter vida dura

Dizia não dever nada

Que era a alma penada

Vivendo de amargura.

Dizia não merecer

Qualquer um podia ver

Consultando o seu passado

E depois então trazer

Um pouquinho de prazer

Vendo que não tinha errado.

Dizia que a sua luta

Que travava na labuta

Tinha muito sofrimento

Que a vida é muito curta

Vive bem quem muito furta

Esse era o ensinamento.

Quando alguém chega ao final

Nunca paga pelo mal

Que fazia por dinheiro

Ignora o seu igual

Dele faz o pedestal

Para em tudo ser primeiro.

Usa bala de festim

Para tirar do jardim

A criança abandonada

Que do dia vendo o fim

Já sabendo ser assim

Dorme suja na calçada.

Disse a ela que um dia

Fora alguém que decidia

Sobre a vida de um moço

Que nem mesmo conhecia

Mas por grande covardia

Colocou no calabouço.

E depois aconteceu

Que aquele moço morreu

Arrastado em uma biga

Você disso se esqueceu

O moço era um filho seu

Mas você negou-lhe a vida.

Poderia ser melhor

Sendo você o maior

Na escala do governo

Mas você sabe de cor

Que você foi o pior

Praticando desgoverno.

Hoje é um operário

Vivendo com o salário

Que recebe do patrão

Mas esquece do diário

Onde está o itinerário

Feito pela sua mão.

Não pensou no inocente

Que marcou com ferro quente

Pra mostrar sua coragem

Castigou sempre o doente

Que não estava presente

No momento da contagem.

Muitas armas preparou

A muitos sacrificou

Para aumentar seu poder

Aos velhos não respeitou

Também à moça obrigou

A você satisfazer.

Hoje é um João Ninguém

Que está querendo alguém

Pra formar um novo lar

Entretanto pro seu bem

Esse alguém será também

Seu passado a te cobrar.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 01/02/2016
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