Cordel da minha história
Eu era sensual e amável,
Fui liricamente erótico;
Encantei o estilo gótico
Que hoje em dia, memorável!
Com beleza tão notável,
Mas também trevosa e forte.
Para que o terror me importe,
Mas há de tornar-se belo
Quem gosta de ouvi-lo e lê-lo,
Acredito tudo em morte.
Em que eu já compunha os poemas
Com malícia, ardor e moça,
Quer que esse prazer remoça,
Pena que eu mudei uns temas...
Fui explícito, em problemas.
Tomara que o bem conforte,
Para que o terror me importe,
Mas há de tornar-se belo
Quem gosta de ouvi-lo e lê-lo,
Acredito tudo em morte.
Já falhei essa sintase,
Tentei melhorá-la assim,
O autor desgostou de mim
Porque era mais novo, a fase.
Que a cabeça nunca abrase!
Tenho a dor, o choro e o corte,
Para que o terror me importe,
Mas há de tornar-se belo
Quem gosta de ouvi-lo e lê-lo,
Acredito tudo em morte.
Prefiro esta sombra, certo?
Ouça bem que eu sempre escreva,
O lirismo é como a treva;
Tenho que chorar por perto!
No ritmo perfeito, o acerto
Da técnica, sem recorte,
Para que o terror me importe,
Mas há de tornar-se belo
Quem gosta de ouvi-lo e lê-lo,
Acredito tudo em morte.
A trevosidade oculta,
Só se inspira o romantismo
Que há de amar um ocultismo,
Só conheço a gente culta,
É a poesia e não a multa,
Que uma vida desconforte!
Para que o terror me importe,
Mas há de tornar-se belo
Quem gosta de ouvi-lo e lê-lo,
Acredito tudo em morte.
Canto a morbidez dos versos,
Mas sem exagero, então?
Nem a altíssima feição,
Nunca canto os universos,
Nada mágicos, imersos!
Quero que a tristeza porte!
Para que o terror me importe,
Mas há de tornar-se belo
Quem gosta de ouvi-lo e lê-lo,
Acredito tudo em morte.
Qual a realidade existe?
Sim, o sentimento é puro
Que quer falecer, eu juro;
Torne-se o estupendo, triste
E mórbido, já resiste;
Com lucidez e sem coorte,
Para que o terror me importe,
Mas há de tornar-se belo
Quem gosta de ouvi-lo e lê-lo,
Acredito tudo em morte.
Não sei se eu vou ser um poeta,
Meus sonetos são tão bons?
Minhas rimas e meus sons...
Mas odeio a grande treta,
Como quer que o amigo meta,
Vou-me embora para o norte...
Para que o terror me importe,
Mas há de tornar-se belo
Quem gosta de ouvi-lo e lê-lo,
Acredito tudo em morte.
Lucas Munhoz
(31/01/2016)