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A FEBRE DO WHATSAPP
 
 

1 Deu a louca na moçada
por conta do WhatsApp.
Ao passo que o tema avulta,
não ostento língua culta,
mas registro o disparate.
 

2 Entro na bola da vez
e, já direto, no caso,
digo a vocês, pessoal,
essa loucura geral
vigora ainda no prazo.
 

3 Outro dia, à mão da lei,
o tal recurso moderno
saiu do ar, num hiato.
O apagão, em si, tão chato,
virou foi um só inferno.
 

4 Na imprensa, zoou tumulto:
o povão telefonava,
com xingações, histeria,
a virar prato do dia
o que ninguém esperava.
 

5 Comunicação moderna,
modernosa geringonça,
esse WhatsApp é fero;
fabrica loucos e espero
não traga amigos da onça.
 

6 Gente moça, gente velha,
cai todo mundo no treco.
Onde se está o carinha
vai da sala à camarinha,
toca clarim, reco-reco.
 

7 Em mesas de restaurante,
se famílias vão jantar,
cada membro fica mudo,
do celular faz escudo,
sem nada de conversar.
 

8 Oh!... Diálogo já era,
até entre os namorados.
 Maridos ficam de ponta,
esposas não fazem conta,
com seus talismãs plugados.
 

9 Vão a qualquer consultório,
vejam se falo potocas.
Nos médicos e nos dentistas,
só vemos olhos artistas
grelados nas engenhocas.
 

10 Poucos estudam ou leem,
eu mesmo a tevê adoro.
Mas o «virtual» demais
torna beócios iguais,
o que – no fundo – deploro.
 

11 Na febre que tenho visto,
por causa do WhatsApp,
temo que nós, algum dia,
marchemos à idiotia,
 e sem que vivalma escape.
 
Fort., 25/01/2016.
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 25/01/2016
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