Justiceiro Volnei.

JUSTICEIRO VOLNEI

Morava Chico Sirlvério

No interior do sertão

Honesto e trabalhador

Tinha uma preocupação

Criar seus filhos felizes

Amava de coração

Sua mulher e dois filhos

Um progresso em evolução.

Vendeu sua propriedade

E comprou um sitio na cidade

Dar estudos a seus filhos

Conforto na mocidade

Comprou um jipe pro seu trabalho

Satisfeis sua vontade

Mais numa curva traiçoeira

Partiram pra eternidade.

Volnei e sua irmã Sônia

Sofreram a perda dos pais

Aqueles que tanto amavam

Partiram pra nunca mais

Sua irmã Sônia dezesseis anos

Se enamorou com Lino Brais

Poucos meses se passaram

Era amigos leais.

Confiou um grande amor

O bom caráter estava ausente

Ficou gravida sem querer

Foi traída amargamente

Lino lhe disse que não casava

“você pra mim não é gente

franguinha da tua iguala

não ganha galo decente.

Volnei foi informado

O acidente acontéce

A vitima sendo sua irmã

Pessoa que não meréce

A justiça Deus ilumina

A injustiça só escurece

O que é bom não se termina

O que é rui sempre apodrece.

Volnei se preocupou e

Foi falar com o delegado

Pedir uma orientação

Contou o que tinha se dado

A resposta que recebeu

É gente da barra pesada

Não vá te meter com eles

Eu não posso fazer nada.

Revólver balas e um punhal

Em seu cinto colocou

O mau feitor pôr todo canto

Sem descanso procurou

Ao chegar em um botéco

O sujeito ele encontrou

Separou longe do povo

E sua razão explicou.

Lino foi positivo

Comigo ela se deitou

Aventuras como esta

Muitas pôr mim já passou

Tenho o meu corpo sem marcas

Valente me da enjoou

Sou igualzinho meu pai

Que até hoje não casou.

Lê dou um prazo de dois dias

Conserte o que fez de errado

Não devia Ter nascido

Vou esperar teu recado

Você não conhece a lei

Vai conhecer um bocado

A cadeia tá esperando

Estes tipos mal educado.

Já vi que você não presta

Pode ser que me compreenda

Se não eu vou te buscar

Lá dentro da tua tenda

Se a lei estiver comigo

A luz divina me defenda

Não precise matar ninguém

Peço perdão não se ofenda.

Passou-se então dois dias

E nada de solução

Falarei com o delegado

Que resolva esta questão

Assim não pode ficar

Esta tudo contra mão

Se somos iguais pôr lei

Porque a insinuação.

São bandidos atrevidos

E famosos fazendeiros

Grande criação de gado

No banco muito dinheiro

Não conheço autoridade

Que entre a força em seus terreiro

Um guarda em cada portão

Vigiam todo carreiro.

Volnei rapaz educado

Obediente a natureza

Para nunca faltar o pão

Com fartura em sua mesa

Como chefe de seu lar

Trabalhava com destreza

Da carinho e estudo a irmã

E que viva com nobreza.

Contratou moças bonitas

Cavalos bem encilhados

Chegou a primeira porteira

Um guarda meio abobado

Volnei se chegou pôr traz

O malandro foi maneado

Foi tão fácil a manobra

Que ficou admirado

Cinco guardas fora do ponto

Serviço de precisão

Moça alta Volnei na garupa

De frente não via não

Lino foi surpreendido

Quando abriu o portão

Eu disse que te buscava

Vem comigo malandrão.

Custei mas te encontrei

Teu paradeiro endereço

Cada causo uma razão

Cada culpa tem seu preço

Cada pena uma penitência

Cada defunto seu terço

Entramos na delegacia

Com o covarde a cabresto.

Me diga seu delegado

Quem é que vai pagar o pato

Manda o guarda, soltar um

Tem mais quatro presos no mato

O primeiro sendo solto

Ele solta os outros rato

O senhor tem que aprender

O famoso pulo do gato.

Madrugadinha o delegado

Se escafedeu na fumaça

Corrupto, ladrão, covarde

Foi atras da sua raça

Distante não sei a onde

Esta curtindo a desgraça

Ocupava um cargo serio

Vendia a preço de cachaça.

O pai do primeiro preso

Que bagunçava na cidade

Fuzarca jogos e trapaças

Ninguém tinha liberdade

Se não fossem como queriam

Já faziam crueldade

Campeões de sabotagem

Sem qualquer sinceridade.

Volnei e a comunidade

Mandaram ofício ao governador

Um abaixo assinado do povo

Humilde e sofredor

Pedem a lei pra garantir

Proteção progresso e amor

Respeito a suas famílias

E um bom administrador.

Volnei pela lei foi testado

Com todos conhecimentos

Honesto e trabalhador

Energia e bom talento

Um manifesto completo

Pelo seu comportamento

Pra estas dificuldades

É o candidato do momento.

Como chefe de polícia

Volnei foi empossado

Pôr ordem do governador

Mais cinco soldado armado

O trabalho é fazer justiça

Trabalho pro nosso estado

No grande dia da posse

Pôr todos homenageado.

Muito cedo conheceu

As dificuldades do momento

Proibiu de andar armado

Nos estabelecimento

Disciplinar os desordeiros

Educação é seu intento

A verdade nos enaltece

Mentira não tem cabimento.

Estava tudo em paz

Quando chegou um recado

O velho tá na cidade

Mais dez capangas armados

Numa grande bebedeira

Não vai dar bom resultado

Vão tomar conta da cidade

Como eram acostumados.

Volnei foi entrando no bar

Cumprimentando toda gente

Que foram ficando quietos

Olhando com ar diferente

Quando o capataz puxou de um 38

Caiu sem ficar doente

A guarda neste momento

Foi entrando de repente.

O que vocês querem aqui

Vieram passear na aldeia

Respondeu o velho Neco

Nós onze aqui quer peleia

Viemos buscar meu filho

Que prendeste na cadeia

Puxou uma adaga de aço

Que em sua frente clareia.

Caiu deitado no chão

Amassando uma orelha

Os dez capangas desarmados

Se não corre mais troteia

Sem arma não tem valentia

Aos poucos se desnorteia

E vão fazer compania

Ao comparsa na cadeia.

No outro dia as seis horas

Serviço é a realidade

Deram dez picaretas

Nas mãos dos maior de idade

Os anarquistas do bando

Reconstruíram a cidade

Quem destruía constrói

Mostra que tem capacidade.

Em pouco tempo a cidade

Estava fora de perigo

Recuperada com esforço

De cangaceiro e bandido

Quem vivia fora da lei

Agora é bom amigo

Educação e justiça

Melhora em todo sentido.

Em uma semana colheram

De armas um caminhão

Espingardas revolveres

Fuzil espada e facão

Bandido dorme na cadeia

De dia ganha seu pão

Estando ali não faz bobagem

E aprende uma profissão.

Volnei na trilha do destino

Fazia tudo bem feito

Sem matar nem um bandido

O torto saiu direito

Sem abusar do poder

Sempre foi um bom sujeito

Não gosta de fora da lei

Tudo que faz é bem feito.

Sônia irmã de Volnei

Encontrou seu grande amor

Engenheiro na cidade

Pessoa de bom valor

Aceitou o filho de Sônia

Foi seu pai e protetor

Uma família formada

Com as benção do criador.

Volnei também se casou

Encontrou sua paixão

Alta loura vinte anos

Uma boa formação

Amiga de sua irmã

Pôr ele tinha adoração

Como é bom viver a vida

Com amor no coração.

O lugar não sei a onde

Hoje existe proteção

No passado era confuso

De acordo com situação

Trabalho bem feito é progresso

Endireitou o sertão

Um dia a estrela brilhou

E acabou com a escuridão.

Manoel de Fraga Cardoso. (in memorian)
Enviado por Poeta Edgar em 12/01/2016
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