EUBUFO !
EUBUFO !
Sempre admirei os agentes secretos. Aos 15 anos e se não tivesse levado uma grande sova com o “tira-pé” de sapateiro do meu pai teria enveredado pela bufaria. Pensei, tinha pensado, entrar para a que estava mais à mão, naquele tempo, a pide. Os seus agentes não vestiam assim como no-los querem impingir hoje. Quais óculos escuros, quais gabardinas de gola levantada e atadas ferozmente na cintura? Usavam chapéu e tinham um ar, como o povo todinho, carregado!
Esta mania de “fazer queixinhas”” ficou-me no entanto enraizada e tenho feito uso dela. Dissabores por isso? Nenhum, até agora! Às vezes, quando sou agarrado com a botija na boca, os visados chamam-me nomes feios como delator, filho de p…, cabrão, maricas, sei lá. Não ligo e continuo o meu “hobby”.
Por isto tudo resolvi, hoje, aqui e agora, dirigir esta carta top secret ao Senhor Presidente da Republica, Doutor Aníbal Cavaco e Silva, e contar umas “coisinhas” que descobri. Se Vossa Excelência mo permite, cá vai.
Informo que o, hoje Primeiro-ministro, José Sócrates, quando tinha seis anos de idade foi várias vezes repreendido pelo senhor Aurélio da taberna de Vale de Maçada por ter a mania de tirar macacos do nariz. Alem deste hábito deselegante, quando o almoço era papas de sarrabulho, esquivava-se a comer tão saboroso pitéu, obrigando a senhora sua mãe a dar-lhe uns valentes puxões de orelhas. Chorava e batia com o pé no chão numa falta de respeito que devia existir a quem o futuro lhe adivinhava um lugar de destaque na história da democracia. Um.
De Luís Amado, que nunca disse de que terra era (não consta do seu perfil de ministro dos Negócios Estrangeiros), consegui descobrir o seguinte: em 1962, com 9 anos de idade, roubou a namorada a um colega de escola que causou a este traumas para o resto da vida. E só porque a “mecinha” era a mais bonita. Não houve ali amor, só traição. Dois.
Em 1951 nasceu o Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos. Consta que na altura do parto, assim que nasceu tentou sacar a aliança do dedo da parteira. Aos 5 anos de idade colou maldosamente uma pastilha elástica já mastigada nos cabelos da filha da senhora Francisca, uma vizinha que muito o admirava, Esta, ao ter que cortar o cabelo da miúda, levou um ensaio de porrada do marido que gostava do cabelo comprido da Joaninha. Não me compete fazer juízos mas a verdade é que o Teixeirinha conseguiu, com este acto de malvadez, fazer com que o casal visado estivesse seis meses sem se falar, só reatando conversa quando os caracóis da menina voltaram ao normal. Três.
Pedro da Silva Pereira, sabe quem é? O Ministro da Presidência! Este maroto convencia as miúdas lá do sítio a entregar-lhes fotos à la minute, cuja colecção era de invejar, com a promessa de um dia as colocar como pivot nos telejornais da futura tvi. O irmão de uma delas desconfiando das intenções do Pedrocas, foi-se a ele para o zucar. Qual quê? O Pedro amandou-lhe um murro na cabeça e fugiu. Quando o pai do moço lhe perguntou porque tinha surrado o filho, o Pedro negou que tal tivesse feito. E negou-o por três vezes. Já no tempo de Cristo um seu homónimo fez a mesma coisa. Quatro.
Lá na Guiné o Nuno Severiano, hoje Ministro da Defesa Nacional, costumava jogar à bola com sapatos enquanto os outros jogavam de pé descalço. Isso permitia-lhe ter sempre a bola, meter os golos que queria e causar medo na equipe adversária. Quando algum, mesmo colega se aproximava, pimba, uma biqueirada. Nos intervalos comia gelados e não tinha pena dos outros que só bebiam água. Cinco.
Nascido em Duas Igrejas, este vaidoso nunca passou cartucho aos amigos da 2ª classe que tinham chumbado e ele não. Administrava os seus tempos livres armado com uma fisga, matando pássaros, passarinhos e passarocos. Consta que ás vezes roubava uvas o que prejudicava a cota de vinhos na região demarcado do Douro. O Rui (Pereira) hoje Ministro da Administração Interna, no dia 24 de Março de l966 faltou à Missa, só porque neste dia fez 10 anos. Houve escândalo na paróquia e a madrinha chegou a desmaiar! Seis.
Alberto Costa, que é o Ministro da Justiça, costuma enganar as pessoas dizendo por vaidade que é da cidade-museu, Évora. Mas não é. Nasceu e viveu em Évora de Alcobaça, perto de Leiria, o que não é a mesma coisa. São maneiras que lhe vêm da infância quando o mandavam comprar petróleo para o fogão Hipólito numa lata da Móbil. Em vez de trazer um litro trazia sete e meio e ficava com os dois tostões para rebuçados que escondia depois. Para alem disso tinha a mania de se armar em juiz sentenciando no campo da bola quem jogava na equipe dele (sempre os melhores e mais velhos) para ganhar todas as causas, quero dizer, todos os jogos do “vira aos cinco e acaba aos dez”. Sete.
O Francisquinho (Nunes Correia), passou a noite de Natal de 1958, inteirinha, a olhar para a chaminé tentando ajustar contas com o Pai Natal só porque, no ano anterior, este lhe tinha trazido um jogo da Majora e ele tinha encomendado um Mecano. Chamou ao Pai Natal “velho sujo e vermelho”. Começou a fumar às escondidas quando tinha apenas 12 anos o que, para um futuro Ministro do Ambiente não era muito indicado. Marca de cigarros: Três Vintes! Oito.
O Manuel Pinho, hoje Ministro da Economia, foi apanhado a trocar os preços da fruta na mercearia onde a família costumava abastecer-se. As bananas da Madeira ficaram naquele dia a dez tostões o quilo, quando o preço certo era 15 tostões, custo dos pêssegos. Deu azo a que o senhor Alexandre discutisse com a melhor cliente. Essa senhora deixou de comprar na loja e nunca ninguém a conseguiu convencer que tinha sido uma brincadeira do Manelito. E o Manelito só tinha 6 anos. Nove.
Hoje é Ministro da Agricultura, o Jaime. A coisa que mais satisfação lhe dava era assaltar o quintal de uma velhota surda que tinha umas nespereiras de bradar aos céus. Enchia os bolsos dos calções e raspava-se. Quando a velha o via nada podia fazer a não ser puxar de um apito que sempre usava e chamar assim a guarda. Mas qual quê, o Jaime, filho do senhor Silva, de Almeida, já estava a milhas. Nunca gostou de couves, nabos e cenouras. Quando lhe serviam sopa, cuspia e chorava. Dez.
O Mário Lino sempre gostou muito de água. E não mete, digo, não bebe outra coisa. É até Mestre em Hidrologia pela Universidade de Colorado (EUA)! Quando em 31 de Maio de 1946 (dia em que fez 6 anos) o levaram ao Jardim Zoológico fez uma birra de todo o tamanho, junto dos camelos. Só queria estar com os ursos. Achava-lhes mais graça. Passados estes anos todos, continua com essa aversão e há já quem o alcunhe de Ministro da Areia, pela aversão que tem aos desertos, quando o seu ministério se chama das Obras Públicas. Onze.
O Zé, José Vieira da Silva, que nasceu na Marinha Grande começou a amarinhar pelas paredes por volta de l958, apenas com 5 anos de idade, para espreitar as condições de trabalho nas pequenas oficinas de vidreiros. Formatava-se o futuro Ministro do Trabalho e da Segurança Social. Posso acrescentar uma conversa que ouvi da boca da sua madrinha de baptismo: -“ o meu Zézito, calculem vocês, no dia em que nasceu a primeira coisa que fez foi apalpar a enfermeira. Ai minha Nossa Senhora a vergonha que eu passei. Parecia um adulto. Credo!” Doze.
Chamavam-lhe o Correia dos Campos. De pescocinho curto e a puxar para o gordito o miúdo de Torredela passou uma infância menos má. Quando lhe doía a garganta e a mãe pensava ser anginas levavam-no às costas até Viseu onde chegava já curado. No regresso apanhava uma chuvada das valentes e ficava de cama uns dias, entulhado de mesinhas que só a mãe sabia fazer. Da 1ª à 4ª classe passava dias inteiros à porrada porque não aceitava jocosidades. Havia uma então que o punha bruto: “oh Correia estás com diarreia?” Viria a ser, como é, Ministro da Saúde. Treze.
Em 1956 nasceu uma linda menina a que deram o nome de Maria de Lurdes Rodrigues. Lurdinhas para a família. Tentaram dar-lhe uma educação esmerada mas ela fazia birras por dá cá aquele livro. Quando entrou para a escola primária embirrava com o retrato de Salazar pendurado na parede. Chegou a atirar-lhe cuspidelas o que punha a professora em brasa. -Lurdinhas pare quieta, Lurdinhas não esteja a copiar que eu estou a ver, Lurdinhas isso é falta de educação, etc. Ela então, punha a língua de fora quando a professora virava costas. Quando acabava a aula era a última a sair só para empurrar as outras e beliscá-las. Chamava “caixa-de-óculos” a uma colega míope. A professora Lurdes, sua madrinha, lamentava-se á família e esta respondia que não havia nada a fazer. Era mesmo falta de educação. Anos mais tarde iria para o lugar certo, onde hoje se encontra. Mesmo assim ainda se dá ao luxo de escrever e publicar livros sobre engenharia estando no prelo um que se chama “O Papel Social dos Engenheiros”. Livra! Catorze.
Mariano Gago quando entrou para a primária já sabia ler e escrever. Muito observador depressa chamou a atenção dos pais quando no Circo Mariano tirava “medidas” às pernas da trapezista e lhe sorria de olhinhos malandros. O pai segredou-lhe: - o que é que tu estás a observar? Ele respondeu de imediato: -A mulher… parece virtual! Para uma criança de 8 anos e naquele tempo convenhamos! Tornou-se (por isso?) Físico. É o Ministro da Tecnologia e os óculos que usa desde criança desconfia-se que tenham sido criados por ele. Vê coisas que os normais não conseguem. Olho neste. Quinze.
A 17 de Julho de 1965, com 15 anos feitos, Isabel chocou os colegas ao exibir uma bruta mini-saia. Chamada ao reitor recusou-se a usar outro tipo de vestimenta e mais, no dia seguinte apareceu de cabelo cortado e às madeixas. Criou mau estar entre a população escolar não ligando aos piropos que lhe deitavam. Muito independente dedicou-se de alma e coração à obra de Eça de Queiroz, desprezando escritores como Paulo Coelho e telenovelas tipo Floribella. Ainda por cima escreveu o livro super feminista “Vozes e Olhares no Feminino”. É Ministra da Cultura, calcule! Dezasseis.
Augusto Silva nasceu no Porto. Trocava os bês pelos vês, torceu sempre, desde os 3 anos de idade, pelo Futebol Clube do Porto, chama “morcons” aos lisboetas e “mouros” aos sulistas. Sempre gostou de gozar com os outros e comprometê-los, com uma brincadeira que já causou 120 divórcios. Chamam-lhe (à brincadeira de mau gosto) a Augusta Brincadeira e que consta no simples acto de riscar os colarinhos das camisas dos amigos com um batom que sempre usa no bolso de dentro do seu casaco. Dezassete.
Senhor Presidente: acabei. Peço agora que, em face do exposto e usando dos direitos que a Democracia lhe confere - ou o Governo não sei - demita ou mande demitir em bloco estes senhores e me arranje um lugarzinho com vencimento à altura das minhas informações.
Secretamente Obrigado.
Não me obrigue a ir para Bruxelas.
Assinado com tinta ilegível.