“PRINCESINHA DO AGRESTE PARTE 1”.
(Cordel).
(43 estrofes).
1º.
Princesinha do agreste
Moça prendada e bonita,
Seus cabelos volumosos
Prendia um laço de fita
Seu nome de batizado
Chamava Maria Rita.
2º.
Filha de um coronel
Famoso na região,
Que por seu jeito bondoso
Chamava muita atenção
Era muito respeitado
Por toda população.
3º.
Seu pai ficara viúvo
Quando ainda pequenina,
Criada pela madrasta
Aquela doce menina
Começou sofrer bem cedo
Pra cumprir a sua sina.
4º.
A moça era pacata
Quase nunca passeava,
Por ordem de sua madrasta
Saía pouco de casa
Cujo nome da madrasta
Era Joaquina Tomasa.
5º.
Era muito maltratada
Porem seu pai não sabia,
Ela sofrendo ameaças
Para o seu pai não dizia
Grande amor na sua vida
Era só na fantasia...
6º.
Pensava na sua mãe
Que já no mundo dos mortos,
Enclausurada no quarto
Que ficava lá no Sóton
Conhecia a sua mãe
Do velho álbum de fotos.
7º.
Um dia a sua madrasta
Precisou se ausentar,
A chamado do seu pai
Que mandara lhe buscar
Para fechar um negócio
Ela tinha que assinar.
8º.
Maria Rita pensou
Enquanto ela se afasta,
Nem que seja por um dia
Pois esse dia me basta
Eu vou fugir desta casa
Pra longe desta madrasta.
9º.
Ela abriu o seu armário
E pegou uma das colchas,
Colocou o que podia
Fez uma espécie de trouxa
Pegou uns poucos trocados
Que tinha na sua bolsa.
10º.
Tinha que agir na espreita
Pra ninguém vê-la sair,
Olhou pra todos os lados
Não tinha ninguém ali
Sabia que ia embora
Mas não tinha pra onde ir.
11º.
Pegou uma velha canoa
Que estava presa no rio,
Deu uma olhada em volta
Pra ver se alguém lhe seguiu
Como não viu ninguém perto
Foi navegando no rio.
12º.
Passou o dia remando
No sentido rio abaixo,
Com um chapéu na cabeça
Vestida em roupas de macho
Quando foi no fim do dia
Ela encostou num riacho.
13º.
Deixou a velha canoa
Cair numa cachoeira,
Ela desceu pela margem
Pisando na ribanceira
Depois seguiu caminhando
Por baixo das bananeiras.
14º.
Tirou as roupas de homem
E trocou por uma saia,
Amarrou lenço na cabeça
Calçou as suas sandálias
No caminho encontrou
Uma casinha de palha.
15º.
Bateu palmas várias vezes
Responder não escutou,
Tocou a porta se abriu
Sem cerimônia entrou
O casebre parecia
Com casa de pescador.
Estava ficando escuro
Ela abriu uma janela,
Olhou num canto da casa
Achou uns tocos de velas
Pendurada na parede
Tinha uma velha gamela.
17º.
Achou uma tampa de lata
Acendeu uma vela em cima,
Tudo aquilo era aventura
Pra aquela jovem menina
Parecia o seu destino
Traçando a sua sina.
18º.
Estava muito cansada
Improvisou uma cama,
Agora era andarilha
Não era mais uma dama
Dormiu vestida de saia
Pois não trouxe o seu pijama.
19º.
No outro dia bem cedo
Escutou uma algazarra,
Parecia um batalhão
Que estava vindo da farra
Escutou um bandolim
Que tinha som de guitarra.
20º.
Pela falha da janela
Ela viu uma multidão,
Pode ver dois animais
Puxando um carroção
Era um grupo de ciganos
Descendo o estradão.
21º.
A moça abriu a porta
Fez sinal para parar,
Perguntou pra uma jovem
Com quem podia falar
Veio uma anciã
Disposta a lhe escutar.
22º.
Na casa do coronel
Sua madrasta chegou,
O coronel veio junto
Logo em seguida gritou.
- Ou Ritinha minha filha!
- Desce seu pai já chegou!
23º.
O coronel sem resposta
Sua filha não descia,
Resolveu subir a escada
Pra ver o que acontecia
Ao chegar ao quarto dela
A cama estava vazia.
24º.
Chamou a sua mulher
Pra pedir-lhe explicação,
Se ela não estava ali
Onde estava ela então
A preocupação de pai
Já estava dando aflição.
25º.
Perguntou na vizinhança
Ninguém a viu naquele dia,
Era a primeira vez
Que isso acontecia
Restou somente esperar
Pra ver se ela aparecia.
26º.
No outro dia bem cedo
Ajuntou a peãozada,
Começou fazer as buscas
Seguindo todas pegadas
Temendo que sua filha
Tivesse sido roubada.
27º.
Foi ver a velha canoa
Que ficava lá no rio,
Ela não estava lá
Seu suor descia frio
Pra onde foi a Ritinha
Ninguém sabe ninguém viu.
Bem amigos e amigas, eu tentei publicar este cordel completo, mas o volume era grande demais, não deu, então estou publicando a segunda parte logo a seguir, abraços a todos! Até logo com a outra parte do cordel.