CONHEÇO O MEU LUGAR

Nesta vida tão corrida

O abandono dá o tom

A maioria esquecida

Não vai ter futuro algum

Morto, vivo, sem prazer

O que poderá fazer

No mundo o homem comum?

O poeta respondeu

Em versos a revelar

A dor que sofre essa gente

Invisível do lugar

O que fazer o andante

Senão no presente instante

Gemer, sofrer e sangrar?

Pode o homem inaugurar

Nessa luta comovida

Sem ser um CONSUMIDOR

Nova estrada, nova vida?

Hoje, de agora em diante

Ser vencedor, triunfante

Ter vitória prometida?

Se alguém aqui souber

Faça um favor me ajude

Diga o que vamos fazer

Com a nossa juventude

Se quem precisa entre nós

Sequer sabe usar a voz

Sem cultura, sem saúde.

Sei apenas escrever

Verso torto, sem sentido

Eu sei desejar também

A quem lhes tem ofendido:

Que um malvado cão de rua

Morda, rasgue a carne sua

Pra eu ouvir seu gemido.

Você que nos negou pão

Negou-me outros papéis

Não quer dividir seus sonhos

Soma riqueza, ao invés

Quer me tratar como um cão

Promete a mim proteção

Me paga com pontapés.

Não quero outra promessa

Tudo vai se repetir

Se o passado está presente

Vejo-o também no porvir

A realidade atesta

Não há motivo pra festa

Á toa, eu não sei mais rir.

Fique o amigo leitor

Com sua mente positiva

Com suas promessas vãs

Com uma idéia atrativa

Que outro mundo eu agito

Pois para quem vive aflito

O melhor é a voz ativa.

Só que avisar eu vou:

Defendo o que faço e fiz

Nunca ocê jamais bateu

A porta em meu nariz

Mude você o seu plano

Pois se pensa, é um engano

Nunca me fez infeliz

Vou terminar minha história

Desses versos atrevidos

Nunca fui e nem serei

Do lugar dos esquecidos

Condenados, maltrados

Neste texto revelados

Do abandono, ofendidos

Posso até ser condenado

Por ser filho do sertão

Por enfrentar a aridez

Na luta por casa e pão

Mesmo sendo bom sujeito

Ser vítima de preconceito

Mas eu não nego o meu chão

Quem me ofende, se engana

Vive a se iludir somente

Não invejo a tua aldeia

Na minha eu vivo contente

Depois que dobrar o sino

Vou pedir ao Deus divino

Ser do "norte" novamente

Para que não reste dúvida

Sem margem pra duvidar

Olharei sempre em teus olhos

Como quem quer avisar

Mude você o seu plano

Pois se pensa, é um engano

EU CONHEÇO O MEU LUGAR

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Polion de São Fernando
Enviado por Polion de São Fernando em 28/12/2015
Reeditado em 25/01/2016
Código do texto: T5492794
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