O peso da cruz.

Um bom dia é o que desejo a todos.

Meu cruzeiro está pesado

Acho que me confundi

Difícil ser transportado

No caminho que escolhi

Mas estou sendo ajudado

Por alguém que nunca vi.

Minha cruz não é madeira

Não tem prego nem emenda

Me ampara na ladeira

Atrapalha andar na senda

Não se presta à brincadeira

Também não dá reprimenda.

Tem o peso do pecado

Que eu fiz por não saber

Que eu já nasci marcado

Pra viver sem ter prazer

Todavia é engraçado

Nascer só para sofrer.

Acompanhe o raciocínio

Que eu fiz pra vir aqui

Eu nasci bem pequenino

Por isso não entendi

Por que tenho esse destino

Se em nada contribuí.

Antes eu não existia

Sendo assim eu não pequei

Se acaso eu existia

Então infringi a lei

Se por isto me punia

Diga então em que falhei.

Se a lei eu infringi

A pena seria eterna?

Outra lei eu concebi

Sendo ela mais moderna

Se um crime eu cometi

A justiça será terna.

Minha lei dá esperança

Também dá inteligência

Tira a beligerância

Acaba a incoerência

Estimula a tolerância

Reconhece a inocência.

Preparou na sua escola

Somente homens de bem

Ninguém vai pedir esmola

Porque nunca teve bens

E também não extrapola

Na fortuna de quem tem.

Minha lei não é escrita

Não precisa de papel

Ela não é esquisita

Não pertence ao menestrel

Ela e a grande conquista

De quem já chegou ao céu.

Ela é justa para todos

Assim diz a consciência

Não é feita de engodos

Não aceita interferência

Os juízes, sempre probos,

Agem sempre com prudência.

A justiça que desejo

Entre homens nunca esteve

Muitos falam desse ensejo

Que o poder sempre conteve

Mesmo assim ainda vejo

Que ela não se deteve.

Esse dia há de chegar

Para então eu ser julgado

Ante a lei vou confessar

E talvez ser condenado

Mas jamais eu vou pensar

Que eu fui injustiçado.

Eu serei o meu juiz

Minha pena escolherei

Pagarei pelo que fiz

E pelo mal que causei

Mesmo assim serei feliz

Pois a mim eu castiguei.

Minha pena será branda

O que fiz já não importa

Farei o que a lei me manda

Também vou fechar a porta

A justiça me comanda

E comigo se importa.

Cumprirei a minha pena

No lugar que for mandado

Sairei daquela cena

Onde vivo amargurado

Quero ter a vida plena

E não mais ser torturado.

Se alguém me condenou

É por mim absolvido

Minha lei o alforriou

Por mim não será banido

Fiz a lei pra quem amou

E hoje vive esquecido.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 26/12/2015
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