História de dois Medeiros

Eu vou contar prá vocês

A história de dois Medeiros

Que vieram prá o Brasil

Os dois ainda solteiros

Da chegada por aqui

No vale do Sabugi

Como dois aventureiros

Essa família existe

Do século treze prá cá

E surgiu em Portugal

Como eu vou explicar?

O Medeiros vem de Meda

Mas o conceito não veda

Outro conceito que há

O outro conceito diz

Medeiros era um local

Um povoado distante

Nas terras de Portugal

E o povo desse lugar

Passaram a se chamar

De Medeiros coisa e tal

No ano setenta e quatro

Da era mil e seiscentos

Bartolomeu Frias Camelo

Seguindo seus sentimentos

Casou com Maria Medeiros

Deixaram de ser solteiros

Com muitos contentamentos

Dentre os filhos: outra Maria

De Medeiros Pimentel

Que ainda muito nova

Na ilha de São Miguel

Casou com um belo rapaz

Inteligente, capaz

Que se chamava Manoel

O seu nome completo

Manoel Afonso de Matos

Um autêntico português

Um homem de finos tratos

Logo o casal teve filhos

Que se tornaram andarilhos

Buscando novos contatos

Dois filhos desse casal

Rodrigo e Sebastião

No ano mil setecentos

E trinta e nove então

Chegaram em nosso Brasil

Buscando aventuras mil

Trabalho e ocupação

Foram para Pernambuco

Procuraram uns parentes

Logo lhes encaminharam

Prá terras mais atraentes

Na Paraíba do norte

Não reclamaram da sorte

E se mostraram contentes

Foi na fazenda Preás

Lá nas serras de Parelhas

No Rio Grande do Norte

Onde hoje fabricam telhas

Que chegaram prá morar

E ali foram trabalhar

Com criação de ovelhas

Mas como tinham estudo

O capitão-mor lhes chamou

E depois de uma conversa

Assim os determinou

A trabalhar para o reino

Lhes deu um pequeno treino

Que muito os alegrou

O trabalho consistia

Em resolver desavenças

Brigas por questões de terra

Reclamações, malquerenças

E de maneira audaz

Para promover a paz

Faziam até as sentenças

Um dia o Capitão-mor

Os irmãos, mandou chamar

Lá na fazenda Picotes

Prá umas ordens passar

Ordenou-lhes de antemão

Cumpram logo essa missão

Eu não posso esperar

Essa missão consistia

Numa viagem arriscada

Ao vale do Piancó

Resolver uma enrascada

Um caso litigioso

Com um sujeito furioso

Que não respeitava nada

Naquela época o Vale

Vivia sem segurança

Tinha rebeldia de índios

Não havia liderança

Não se respeitava a lei

Até as ordens do Rei

Entravam nessa lambança

Os irmãos tiveram medo

E recusaram a missão

Procuraram conversar

E convencer o Capitão

A retirar suas ordens

Pois com aquelas desordens

Não voltariam vivos não

A negativa dos dois

Revoltou o Capitão

Que reagiu furioso

E com indignação

Ameaçou os Medeiros

Chamou-lhes de forasteiros

Cabras sem educação

Ameaçou deportar

Dizendo prestem atenção

Eu tenho contra vocês

Um mandado de prisão

Vindo lá de Portugal

Porque de forma ilegal

Vocês largaram a nação

Os irmãos de aperrearam

Naquela encruzilhada

Ou arriscariam a vida

Numa difícil jornada

Ou virariam prisioneiros

Naquela noite os Medeiros

Não dormiram quase nada

Na manhã do dia seguinte

Na hora do desjejum

O Capitão ardiloso

Sem artifício nenhum

Disse de forma ativa

Tenho outra alternativa

Prá um acordo em comum

Livro vocês da missão

E não mando prá Portugal

Se aceitarem se casar

De maneira natural

Com minhas duas sobrinhas

Que já não são tão novinhas

Para o matrimonial

A contragosto os irmãos

Não tiveram outra saída

Aceitaram se casar

Prá receber a guarida

Do grande Capitão-mor

O governante maior

Que conheceram na vida

Rodrigo Medeiros Rocha

Se casou com Apolônia

E seu mano Sebastião

Foi desposar a Antônia

A festa que o Capitão

Fez naquela região

Foi cheia de cerimônia

Os dois casais se fixaram

Perto do rio Quipauá

Que corta Santa Luzia

Nuns vales que tem por lá

Fizeram casas, currais

Foram criar animais

Fazer roça, trabalhar

Rodrigo e Apolônia

Logo tiveram seus filhos

Foram oito no total

Sem provocar empecilhos

Manoel, o filho mais novo

Um líder dentre seu povo

Quis andar por outros trilhos

Manoel de Medeiros Rocha

Era seu nome completo

Casou com Anna Araújo

De alegria, repleto

Se mudou prá Caicó

Depois foi Sargento-Mor

Nomeado por decreto

Mas com o tempo passando

Manoel cresceu na carreira

Chegou a Capitão-Mor

De forma simples e ordeira

Praticando sempre o bem

Sem fazer mal a ninguém

Durante a vida inteira

Participou de uma junta

Que governou o estado

Com duas outras figuras

Prá isso foi nomeado

Foi um homem importante

E de forma exuberante

Cumpriu o determinado

José Barbosa Medeiros

Um dos seus filhos queridos

Vulgo Capitão Barbosa

De atos bem destemidos

Lá na fazenda Remédio

Morava por intermédio

De herdar os bens divididos

Grande capitão Barbosa

Casou em mil e oitocentos

Na fazenda Mulungu

Com muitos contentamentos

Com Rita Maria José

Uma moça de muita fé

E lá fizeram juramentos

Rita Maria era filha

Do Coronel Sá Barroso

Homem de sabedoria

Bem disposto, corajoso

O coronel fez a festa

Que apesar de modesta

Lhe deixou muito orgulhoso

Rita Maria morreu cedo

Mas deixou nove crianças

Joaquim Felis, Alexandre,

Os que tinham mais lembranças

Manoel, José, Guilhermina,

Essa era bem menina

Cheia de desesperanças

Tinha Maria Eduarda

E também a Mariana

Depois a Rita Barbosa

Assim como tinha Anna

Ali nove criancinhas

Todas órfãs, coitadinhas

Sofrendo uma dor tirana

Joaquim Felis de Medeiros

Entrou para o seminário

Depois de muito estudar

Para se ordenar vigário

Ordenou-se em Salvador

Com muita fé e fulgor

Cumpriu seu itinerário

Casou Maria Eduarda

Com João Manoel de Medeiros

Conhecido por Janjão

Homem de hábitos caseiros

E dos filhos que Deus lhe deu

Com o mesmo nome seu

Batizou um dos herdeiros

A criança se criou

Chamada por João Menino

Se casou com Madalena

Uma moça de trato fino

Tiveram uma menina

A Francisca Franquilina

E agradeceram ao divino

Outra filha de Eduarda

Por Ana foi batizada

Casou com José Jerônimo

Numa festança danada

No sítio foram morar

Ciar gado, trabalhar

De maneira organizada

Um dos filhos do casal

José Jerônimo e Ana

Chamou-se Horácio José

Um rapaz muito bacana

Trabalhador, dedicado

Honesto, compenetrado

Cheio de sonhos, de gana

A Francisca Franquilina

Com Horácio se casou

Numa cerimônia simples

Mas muito lhes contentou

De primos agora casados

Felizes, realizados

E Deus lhes abençoou

Quatro filhos eles tiveram

Dois homens José e Manoel

Com o sobrenome Horácio

Tudo posto no papel

Duas filhas, Ana Francisca

E também Maria Francisca

Meigas, doces, como mel

Contei de maneira simples

E de forma resumida

A história dessa família

Que aqui está reunida

Todos primos e afins

Alencar, Horácio e Lins

Para celebrar a vida

Jhoracio
Enviado por Jhoracio em 19/12/2015
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