CORDEL – Termos e expressões nordestinas (4) – 22.10.2015
 
CORDEL – Termos e expressõesnordestinas (4) – 22.10.2015 (PRL)
Oitavas de sete sílabas poéticas
Esquema de rimas – ABABCDCD
 
 
(1)
 
Tem uma palavra até
Todo mundo sabe então
É a tal de “Cabaré”
Prostíbulo ou confusão
Temos “Cabeça de prego”
Um furúnculo, nada mais,
Também aprendo, não nego,
As palavras geniais
(2)
Pão-doce feito com coco
Conhecido “Cabeludo”
É gostoso e deixa louco
Não sobra, come-se tudo,
Indivíduo destemido
Provocador, valentão
Por “Cabra” é conhecido
Em toda esta região
(3)
Mas também “Cabra da peste”
Tem igual significado
Um sinônimo inconteste
Não é o “Cabra safado”
Pois este  é muito incorreto
Nada faz com maestria
Se julga sempre completo
Dia e noite, noite e dia.
(4)
Mas retornando um pouquinho
Tem também o “Cabra macho”
 “Cabra da Peste” igualzinho
Que come sempre no tacho
Eu aprendi que “Cabrunco”
Vem a ser coisa ruim
“Cabuêta” é dedo duro
Não quero medir por mim
Pois não sou sempre inseguro
(5)
Tem o “Caçador de andróide”
Que adora por demais
De navio prefere o loide
De trem não anda jamais
Então o “Cacete-armado”
Segundo o dicionário
Um bar pequeno, arrochado,
Com pouco asseio diário
(6)
O biscoito “Cacetinho”
Cilíndrica sua forma
Como um dedo, um dedinho,
Essa que é sua norma
Mas pra cabelo ondulado
Aqui falo com firmeza
O nome é “Cachado”
E disso tenho certeza
(7)
Mas pode ser cacheado
Um nome bem conhecido
Ninguém aqui é enganado
Mesmo estando distraído
“Cachete” é um carretel
Com linha para costura
Um retrós no meu cordel
Que é feito com lisura
(8)
E que tal a “Cachimbeira”!?
Mulher de muita ternura
Nada mais do que parteira
Retirando a criatura
Tem o verbo “Caçoar”
Que pode ser gozação
Melhor dizendo: Zombar
Para aprender a lição
(9)
O que será “Caçuá”?
Cesto de bambu ou vime
Que serve pra transportar
Não precisa que me ensine
Filho mais novo é “Caçula”
Duma família qualquer
Isso ninguém manipula
E discorde quem quiser
(10)
Tem o tal de “Cacumbi”
Que é um grupo folclórico
E só homem dança aqui
Segundo fala o histórico
Em homenagem aos santos
Os padroeiros dos pretos
Com todos os seus encantos
E cantam sempre sonetos
(11)
Vem a palavra “Cacunda”
Que pode ser: Costas, dorso,
O seu uso aqui abunda
Se for fraco quebra o osso
“Cadeiras”: Quadris ou quartos
De mulher é bem melhor
São mulheres de bons partos
Sem sofrer a dor pior
(12)
Pessoa desajeitada
Mal vestida, ou mesmo mala,
De ”Cafuçú” é chamada
Cala a boca e nada fala
Lá pros “cafundós de judas”
Que é lugar bem distante
Lá só se vai de bermudas
Pois de calor escaldante
(13)
Mas tem o cara de sorte
Melhor falando o sortudo
Que aqui chama “Cagado”
Eu não discordo, contudo,
Mas o “Cagado e Cuspido”
Também chamado idêntico
É igual, bem parecido,
A Cópia fiel, autêntico.
(14)
“Cai de pau” é quem acusa
 “Caipora” fuma muito
Detesta pessoa intrusa
Vive desse seu intuito
“Cair cacau” é chover
Difícil cá no nordeste
Onde o pobre padecer
O governo não investe
(15)
E vem a “Caixa-do-peito”
Tórax, uma cavidade,
Que protege do sujeito
Por vezes muita maldade
Pulmões e os corações
São órgãos de relevância
Em quaisquer ocasiões
Pois na vida uma constância
(16)
“Caixa-pregos” são lugares
Afastados e distantes
Onde só chegam muares
Com os sóis extenuantes
“Cajurana” será homem
Que vestido de mulher
De vez em quando ele some
Muitas vezes dá no pé
(17)
Em festa carnavalesca
Essa sua fantasia
Chega até a ser burlesca
Logo no romper do dia
“Calçola” então vem a ser
Só uma simples calcinha
Que faz o cara beber
E se esbaldar na caninha
(18)
“Calibrado” é meio-tonto
“Califom” é sutiã
Quando bebo fico pronto
Vou bater em Jaçanã
Inchaço é mesmo “Calombo”
Na pele vejo um aceno
“Calunga” é Camundongo
Ou seja um rato pequeno
(19)
“Cambada” é grupo de gente
Até mesmo desprezível
Mas o “Cambaio” é patente
Com as pernas em desnível
Arqueadas para dentro
“Cambalafoice” um amante
Um namorado cinzento
De corpo bem derrapante
(20)
Pode ser um namorado
O “Cambão” é mulher feia
Num “Cambapé” traquejado
Que merece até cadeia
Pois se trata de rasteira
O “Cambito” é perna fina
Isso que grande besteira
O que vale é a menina.
 
E por aí vai…
 
Ansilgus
 
07/12/15 22:40 - Miguel Jacó contribuiu assim:

No ditado popular,
encontramos raridades,
mas quando vamos falar,
nos falta a capacidade,
para nos reiterarmos,
de suas singularidades,
assim a vida se passa,
com certas perversidades.



 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 27/11/2015
Reeditado em 08/12/2015
Código do texto: T5463009
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.