Privada e bidê, na saudade
Entre a privada e o bidê
a coisa voltou a esquentar
ela disse saudade docê
e ele se pôs a chorar
Com o tempo passando
ele pode se recompor
e à privada foi falando
tou longe de teu mau odor
Ela achou um desaforo
pois queria só o consolar
e ele sem nenhum decoro
passava a lhe insultar?
Amigo, tenha paciência
conheço tuas dificuldades
e lamentei a sua ausência
com mi´as sentidas saudades
Sei que te dispensaram
de presença no banheiro
na minha carne cortaram
afastaram meu companheiro
Quisera ter-te junto a mim
como nos tempos de outrora
mas com esse chuveirim
já não vejo bundas de fora
Esse chuveirim é desgraça
que me levou ao exílio
e a minha dor já não passa
só vivo a pensar naquilo
Se lembra ainda de meu jorro
podia até ser regulado
e gemendo, dizendo eu morro
pra utente, que doce o pecado
E você que a higienizava
e fazia tudo quietinho
por vezes até a espetava
pra ela sentir aquele friinho
Você inda tem utilidade
enquanto mi´a festa acabô
despachando com vontade
a obra de senhora e sinhô
Como também da gurizada
sem precisar discernir
basta que seja bem obrada
que não lhe venha entupir
É trabalho cansativo
como porco por demais
contudo não me privo
de rir do que sai por trás
Pergunto-lhe uma coisa
me diz se guarda rancor
como se escreve na loisa
e se borra co´o apagador:
Me fale se tem inveja
do que veio substitui-lo
meu coração até mareja
por isso temo feri-lo
Dessa paúra cê não morre
pois a josta que te alimenta
nas suas entranhas que corre
mostra a merda de ser ciumenta
Modere essa sua linguagem
reconheço seu desconforto
acho que falei bobagem
mas seu palavrear tá torto
Confesso-lhe exagerei
na minha terminologia
saudades docê terei
saudade de sua companhia
Éramos bons companheiros
e muito além da amizade
compartilhávmos cheiros
e a visões de tanta intimidade