Carta de um professor baiano ao governador Jaques Wagner(texto de autoria de um amigo cordelista)

Meu prezado Jaques Wagner,

sou Toinho de Mariinha,

professor da Rede Pública,

petista de carteirinha.

Então peço que o senhor

analise esta cartinha.

Eu não serei radical

nesses versos de cordel

por saber que a vida é

mistura de açúcar e fel,

só não posso acreditar

que o senhor seja infiel.

Vou lhe fazer um pedido

em nome da nossa classe:

ficaria satisfeito

se o senhor não nos negasse

sua promessa de aumento,

acabando todo o impasse.

Durante sua campanha,

o senhor nos garantiu

um reajuste decente

mas ainda não cumpriu.

Será que já se esqueceu

depois que ao poder subiu?

Eu que fui discípulo seu,

dei meu voto e lhe aplaudi,

depositei confiança

nas promessas que eu ouvi.

Agora, nós, professores,

que vamos fazer aqui?

Me lembro dos velhos dias

em que fui seu companheiro,

criticando os inimigos

desse povo brasileiro,

sonhando que a Educação

não ficasse no estaleiro.

Excelência era um guerreiro

com palavras e ação,

dizendo ser defensor

de uma nova educação.

Mas, de repente, me vejo

cheio de decepção.

Nossas perdas de salário

são de oitenta e três por cento

e o senhor nos garantiu

compensá-las com aumento.

mas agora estando eleito

já caiu no esquecimento.

E a justiça antigamente

era menos radical,

com 30 dias mandava

uma Ação Judicial.

Agora o prazo encurtou:

o que houve, general?

Prezado governador,

faça uma reflexão:

procure ser flexível,

reveja sua decisão,

pois se assim continuar

não haverá reeleição.

Muita sorte lhe desejo,

Que seja feliz também

Mas cumpra sua palavra

Para não virar refém

Dos professores baianos

Que ainda lhe querem bem.

Ilustríssimo Jaques Wagner,

procure ser moderado,

não esqueça o educador,

seu fiel eleitorado,

que lhe deu bastante apoio

mas se encontra desprezado.

Ainda não desisti

seguirei com a esperança

de que nunca se desfaça

a nossa forte aliança,

pois o senhor fez promessa

e nós faremos cobrança.

Fale com seus deputados

que aprovaram a proposta

que na próxima eleição

daremos nossa resposta

porque nós fomos traídos

justamente pelas “costa”.

Parece contradição

esse seu comportamento

dando um reajuste frouxo

de quatro e meio por cento.

Será que nós, professores,

temos cara de jumento?

Vossa Excelência sempre

defendeu os professores,

concordando com as greves,

conquistando os eleitores,

dizendo que a culpa era

dos outros governadores.

Não pense que nós estamos

aqui de braços cruzados;

os sonhos não terminaram

pois podem ser alcançados,

tudo nesta vida muda:

não vamos ficar parados.

Sim, estamos chateados,

mas queremos muita paz;

a nossa batalha é justa

nós vamos “correr atrás”.

Talvez um dia apareça

alguém que seja capaz!

Seguiremos nossa luta

a favor da Educação,

mesmo com o salário baixo

que mal dá para o pirão.

Vamos esperar melhoras

com a próxima eleição.

No passado era o senhor

que muito me incentivava

a reclamar reajuste

que ao professor faltava,

mas vejo que desse jeito

era eu quem me enganava.

Agora a APLB

e todos nós professores

estamos órfãos de ti

nesse momento de dores.

De modo que nos sentimos

verdadeiros “ sofresssores”.

Me despeço, companheiro,

na certeza de que um dia

Vossa Excelência tenha

muita paz, muita harmonia,

mas saiba que todos nós

perdemos nossa alegria.

Portanto seja fiel,

corajoso e eficiente,

porque isso é traição

que você faz com a gente.

Aproveite a sugestão

reveja sua posição:

Barreto cordialmente.

Fim

Antonio Carlos de Oliveira Barreto

Professor e cordelista.

Salvador, 05 de maio/2007.

Este texto é uma manifesto do companheiro Antônio Carlos de Oliveira Barreto, ao momento em que se encontram os educadores do Estado da Bahia, ao qual também faço parte.

Nel santos

P.S:Em Respeito aos direitos autorais, o texto segue na íntegra, postado a pedido do autor."