DO ATENTADO DE PARIS À DESTRUIÇÃO EM MARIANA

Atentados terroristas

Na famosa Bataclan

É o assunto dominante

Em campos, cidades, clãs.

Aqui no nosso país,

Os franceses têm seus fãs,

Que foram pras praças públicas

Rezar e assistir missas,

Chorar, levar muitas flores,

Clamando a Deus por justiça,

Redes de televisão,

Todas bastante submissas,

Sempre dão muito destaque

Pra esconder a realidade

De catástrofe local.

Não mostram nossas cidades

Destruídas, soterradas.

Nem irresponsabilidade

De nossas “altoridades”,

Que não estão preocupadas

Com a destruição de casas,

Nem com crianças enterradas

Por quantidade de lama

No Rio Doce derramada.

Com a destruição da lavoura

E cidades esfomeadas,

Com falta d’ água potável,

E bacia do rio assoreada,

Prejuízo incalculável

Fauna e flora destroçadas.

Tem gente enterrada viva

Presidente na Turquia.

Discursando no G20,

É falta de sintonia

Com a realidade do povo,

E uma total apatia.

A morte de qualquer pessoa

É um fato lamentável.

Esquecer os nossos mortos

É um fato execrável

Pra lamentar quem brincava,

É um ato condenável.

O povo mineiro sofrendo

E também o capixaba.

O rio Doce foi destruído

Não sobrou nem uma piaba.

E a nossa “presidenta”

Na Turquia. A morubixaba

Sobrevoou de helicóptero

A região de Mariana.

Não como ida à Turquia

Numa grande caraVana.

Governador Valadares

Sem água há duas semanas.

Lama fétida destrói

A vida até no mar.

E o povo ribeirinho

Não tem a quem apelar.

Pois a empresa Samarco

Isso nunca vai pagar.

Cadê ambientalista?

A comunista Marina.

Nunca disse uma palavra,

Ficou quieta na surdina.

A destruição avançou

Já chegou a Colatina.

Decreto presidencial

Vai isentar o responsável.

O crime para quem caça

É crime inafiançável.

A quem destrói natureza

Nada lhe é imputável.

É triste ver o massacre

De grande ecossistema.

E de pessoas inocentes

Que em condições estremas

Buscam a sobrevivência

Enfrentando seus problemas.

Jogadas à própria sorte,

Esquecidas por esquemas

Gerados em gabinetes,

Também na corte suprema

Pois durante muitos anos

Não julgará seus dilemas.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, NOVEMBRO/2015.