Conselhos do coração.
Se não tenho quem eu amo
De amar não desisti
A mim mesmo não engano
No amor eu persisti
Se a mim veio o desengano
É porque eu permiti.
Lutei muito sem ter arma
Para ter o meu amor
Viver só é o meu carma
Mas não tenho desamor
Meu coração se desarma
Amar é o seu labor.
Não vivi encastelado
Nem recluso de mim mesmo
Também não fui malfadado
Nunca caminhei a esmo
Se não fui realizado
Não foi esse o meu desejo.
Fui escravo do dever
Tive a minha permissão
De plantar e de colher
A semente da união
Pude assim compreender
O valor da gratidão.
Hoje sou mero passado
Mas jamais fui um devasso
Sou um pouco fracassado
Pelo tempo em descompasso
Mas também sou conformado
Por poder dar mais um passo.
Satisfiz o meu desejo
De um bom conselho dar
Falando com quem eu vejo
Dele posso aproximar
Esse era o meu ensejo
De ouvir e de falar.
Conversei com quem conhece
Aprendi quando falou
Que na vida só padece
Quem pra frente não andou
E assim que eu pudesse
Ensinasse a quem tardou.
Fiz a minha indagação
Do por que nisso falar
Tenho a minha obrigação
Pra cumprir ao levantar
Foi aí que o coração
Começou a aconselhar.
Disse que o palavrear
É um passo pro futuro
É um novo caminhar
Fora do caminho escuro
Pra si mesmo reformar
O caminho do impuro.
Se não puder caminhar
Sua mão sempre ofereça
Poderá te auxiliar
Mesmo que não o mereça
Busque a chance de ajudar
A quem você não conheça.
Pra provar esse desejo
Não aceite pagamento
Servir não é relampejo
Não é coisa de momento
Servir é o que eu almejo
Com total desprendimento.
O servir tem seu valor
Nas paragens do universo
Lá se acolhe com ardor
Àquele que está disperso
Alimenta com amor
Quem já foi o adverso.
Creia sempre que o servir
É um passo dado adiante
Quem a ti não puder ir
Que aguarde um só instante
A ele deverás ir
Pois está eqüidistante.
Não pretenda ser amigo
Por apenas algum instante
Queira ser um bom amigo
Pra viver tempo bastante
Para ver que o tempo antigo
Foi da paz o anunciante.