Teatro da Vida

O homem nasce sem saber

quase nada de adversidade

É dom, este tal sobreviver

com a devida propriedade

Sem precisar a se recolher

a tal insignificante realidade.

Esta encenação viver e ser

deve-se haver boa vontade

Não há jeito de pretender

sem viver da personalidade

que jura fidelidade defender

um punhado de honestidade.

Não há malquerer, bem-querer

Existe apenas a perplexidade

em não viver, somente dizer

o DNA humano e a falibilidade

É pretensão em fingir oferecer

a certeza de sua identidade.

Não vê cortinas pra suspender

a janela da vivaz mediocridade

O homem quer atuar até morrer

pois há mais alma de realidade

do que na busca de preencher

seu coração com meia verdade.

A inverossimilhança é maldizer

dum detalhe que a alma evade

Ninguém precisa se enfurecer

pela pobreza ou sua calamidade

Olhe o mundo afora a crescer

que a lacuna é mera banalidade.

Há um tempo presente a doer

longe do pretérito da crueldade

desconexo do futuro a eleger

os patriarcas da desumanidade

Então é bom todos se embeber

da cegueira de toda a vaidade.

No púlpito não está a chover

só há uma brisa de conformidade

Não haverá lucro a se perceber

vive-se da clemência e caridade

respirando a arte em preencher

o palco de talento e dignidade.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 02/11/2015
Código do texto: T5435341
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