Teatro da Vida
O homem nasce sem saber
quase nada de adversidade
É dom, este tal sobreviver
com a devida propriedade
Sem precisar a se recolher
a tal insignificante realidade.
Esta encenação viver e ser
deve-se haver boa vontade
Não há jeito de pretender
sem viver da personalidade
que jura fidelidade defender
um punhado de honestidade.
Não há malquerer, bem-querer
Existe apenas a perplexidade
em não viver, somente dizer
o DNA humano e a falibilidade
É pretensão em fingir oferecer
a certeza de sua identidade.
Não vê cortinas pra suspender
a janela da vivaz mediocridade
O homem quer atuar até morrer
pois há mais alma de realidade
do que na busca de preencher
seu coração com meia verdade.
A inverossimilhança é maldizer
dum detalhe que a alma evade
Ninguém precisa se enfurecer
pela pobreza ou sua calamidade
Olhe o mundo afora a crescer
que a lacuna é mera banalidade.
Há um tempo presente a doer
longe do pretérito da crueldade
desconexo do futuro a eleger
os patriarcas da desumanidade
Então é bom todos se embeber
da cegueira de toda a vaidade.
No púlpito não está a chover
só há uma brisa de conformidade
Não haverá lucro a se perceber
vive-se da clemência e caridade
respirando a arte em preencher
o palco de talento e dignidade.