Oferenda
Entenda, por uma vez
não é que eu me renda
É simples, é languidez
Onde na prosa entenda
haver esta pura maciez
vive a beleza estupenda.
Não me perdi na rapidez
falei com vagar, aprenda
Para não tratar na acidez
simplifique e surpreenda
A cada fato com validez
é certo que se transcenda.
É preciso esquecer talvez
para que se desprenda
Uma imagem pede nitidez
a cada chaga, cada fenda
Vivemos essa embriaguez
que nunca se desvenda.
Tanto faz como tanto fez
o homem e a sua agenda
O tempo e sua escassez
uma vida tão horrenda
Falta-lhe a plena fluidez
para que nada lhe prenda.
Contempla-se tua rigidez
para que não se arrependa
A vida deve possuir avidez
de que nada lhe dependa
Pois só assim há honradez
em vivê-la: como prenda*!
No final sobra embriaguez
do tempo que lhe suspenda
a leveza do ar e a rapidez
evitando-se as contendas
Deus em plena intrepidez
dá uma vida: como prenda*!
(*prenda: no sentido de presente.)