MENINA TU ME ENDODECE.
Menina tu não encarque
Esses teus olhos feiticeiro
Em riba desses meus olhos
Espiador de vaqueiro
Tu és uma princesinha
Traz o vermelho na boquinha
Igual a flor do cardeiro.
Os teus cabelos de breu
Grudados em fita cetim
Tem nos dentinhos a brancura
A mesma cor do marfim
Assim eu risco no casco
Me quebro todo me lasco
Vendo tu se rir pra mim.
Ah se eu fosse mais moço
Contigo eu ia topar
Se eu fosse rapaz bonito
Tu ia ser o meu par
Se eu fosse forte no riso
Tivesse o rosto mais liso
Tu não ia me escapar.
Mais tu nem liga pra isso
Com teu feitiço governa
Oh caboclinha da peste
De uma candura tão terna
Tu és a bomba, o estopim
Explodindo dentro de mim
Com tua cruzadas de perna.
Tu manga caçoa e maltrata
Com esse matuto iludido
Guando sinto o teu cheiro
Igual a jasmim florido
Me controlo e me prendo
Penso mais me arrependo
De te fazer um pedido.
Feito um cão perdigueiro
Eu me sinto de fato
De olhar preso na caça
Prestando atenção no ato
Vendo tu amolegando
Com os dentinhos mordiscando
Umas folhinha do mato.
Menina corre de mim
Que não sou pário pra tu
Tu és a polpa da manga
Eu só noda de caju
Tu és a rosa no jarro
Eu um boneco de barro
Feito em Caruaru.
Sou um boi velho da lida
Tu uma novilha em pelo
Nós dois no mesmo cercado
É grande o desmantelo
"Cavalo velho"-diz o povo
Se o remédio é "capim novo"
Prefiro eu não come-lo.
Menina tu tá com a gota
Com esse jeito faceiro
Tua chama e labareda
É muito pra meu candeeiro
Que chora em chama perene
Lágrimas de querosene
Soluços de coviteiro.
Menina eu nem me atrevo
A perguntar o teu nome
De grão em grão a galinha
Enche o papo mata a fome
Assim deixa como está
Tu fica lá e eu cá
Que dessa água eu não tome!
Menina tu me respeite
Não seja tão tirana
Tu não vai tirar mais caldo
De um bagaço de cana
Não roube o pouco que tenho
Não sou moenda de engenho
Que moi toda semana.
Menina tu não tá vendo
Que com isso me aperreio
Eu com faísca nos olhos
Tu com chamego no seio
É costura pra pouca linha
Da tua idade pra minha
Corre um riacho no meio.
----- Se tu agarrar a insistir
Uma coisa eu te aviso
pode incarcar os teus olhos
Nos meus se assim for preciso
Pois esse fumo eu masco
Nem me quebro,nem me lasco
E dane-se o rosto liso.
Dane-se bomba,estopim
Eu viro uma explosão eterna
Não quero saber quem manda
Quem obedece ou governa
Eu digo não me acanho
Tô com os olhos dese tamanho
Com as cruzadas de tuas perna.
Que mangue caçoe e maltrate
Vou ser matuto atrevido
Não controlo e nem prendo
Muito menos arrependido
No verso atras eu não fiz
Se foi assim que tu quis
Faço e confirmo o pedido.
Corra e venha pra mim
Que eu corro pra tu
Vou deixar de ser a noda
Aquela que dá do caju
Vou enfeitar o meu carro
Dane-se o boneco de barro
Vou ser estatua de Itu.
Quanto ao boi velho da lida
Eu vou ganhar um renovo
Vou ser cavalo alazão
Riscando e dando estovo
Vou campear nas batalhas
E me livrar das cangalhas
Me fartar de capim novo.
Tu pode tá com a gota
Gritando que só sirene
Ter chama ter labareda
Possuir fogo perene
Que eu serei o luzeiro
E o maior candeeiro
Pingando de querosene.
Não sou um peixe morrendo
Batendo a barbatana
Ainda dou um bom caldo
Não sou bagaço de cana
Eu tô com força no engenho
Ainda é muito o que tenho
E môo toda semana.
Eu não tenho mais vexame
Acabou-se o aperreio
Sou linha pra tua costura
Sou chamego pra teu seio
Sou um rei tu a rainha
Da tua idade pra minha
Não tem riacho no meio.
Vou fazer da tua saliva
Um molho pra meu desejo
Na nata da tua língua
O meu amor cor de queijo
Depois de velho endoideço
Na goma desse teu beiço
Tem tapioca de beijo.