Trauma Profano

No óbice maldito

dum ser obscuro

Do ventre bendito

nasce prematuro

A engolir detrito

um ser que depuro.

O sonho? Decapito

no silêncio costuro

O corpo que habito

este medo imaturo

É certeza que levito

também me censuro.

O passado descrito

não é parte o futuro

É alguém que evito

ou algo que procuro

Não é que eu limito

Só o que eu saturo.

O pesadelo? Eu curo

isto que desacredito

Não há juras, eu juro

só que eu não cogito

Os extremos costuro

no silêncio eu cogito.

Eu não me mensuro

nem o esforço do rito

Nem o vazio maduro

a imaturidade do grito

Na paz que eu perjuro

Um pavor contradito!

Ventre, âmago maldito

o espírito que conjuro

É de um valor infinito

que não crê no futuro

No passado irrestrito

o profanar no escuro.

Não vê que é bendito?

o silêncio que capturo

O que eu lhe transmito

senão o discurso puro

a despeito do veredicto

Motivo que me enclausuro.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 28/10/2015
Código do texto: T5430187
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