Trauma Profano
No óbice maldito
dum ser obscuro
Do ventre bendito
nasce prematuro
A engolir detrito
um ser que depuro.
O sonho? Decapito
no silêncio costuro
O corpo que habito
este medo imaturo
É certeza que levito
também me censuro.
O passado descrito
não é parte o futuro
É alguém que evito
ou algo que procuro
Não é que eu limito
Só o que eu saturo.
O pesadelo? Eu curo
isto que desacredito
Não há juras, eu juro
só que eu não cogito
Os extremos costuro
no silêncio eu cogito.
Eu não me mensuro
nem o esforço do rito
Nem o vazio maduro
a imaturidade do grito
Na paz que eu perjuro
Um pavor contradito!
Ventre, âmago maldito
o espírito que conjuro
É de um valor infinito
que não crê no futuro
No passado irrestrito
o profanar no escuro.
Não vê que é bendito?
o silêncio que capturo
O que eu lhe transmito
senão o discurso puro
a despeito do veredicto
Motivo que me enclausuro.