Taumaturgo

Ele ignorou o moço da chefia

Olhou com a raiva aduaneira

No meio da insana gritaria

Viu-se uma velha barraqueira

A reclamar da nossa ouvidoria

Vomitou um monte de asneira.

É a irreverente metodologia

Da procrastinação brasileira

Uma ode a sagrada patifaria

Que viaja nesta vida brejeira

Mudando apenas de rouparia

A bandidagem fica lisonjeira.

Cadê aquela intrépida rebeldia

Que amedrontava da lixeira

Os ratos podres da periferia

Perfilando-se a ira mais ligeira

De quem age com zombaria

Diante desta santa padroeira.

Eis que surgiu da democracia

Um cavaleiro d'alma guerrilheira

Não era da esquerda uma cria

Nem d'uma velha matraqueira

Ele não gostava de desarmonia

Mas matava quem era tranqueira.

A vida é a realidade que recria

Incerteza da certeza grosseira

A educação enfim se denuncia

O cordel da realidade derradeira

É a melancolia que nos resfria

A renuncia da alegria faceira.

Na verdade minha única garantia

Da vivida taumaturgia justiceira

Era a sinceridade desta heresia

Tudo é uma mentira milagreira

Onde a sobriedade se financia

No surrealismo da nossa bandeira.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 28/10/2015
Código do texto: T5429842
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