Omertà

A ilusão que traz a tranquilidade

Conspira pela sombra do distúrbio

São pensamentos presos na carne

No instante elementar do escarne

Do rastro traumático do subúrbio

Ao astro trágico da desigualdade.

O homem em mim que reconheço

Desconhece a idade dos religiosos

Pois a tortura diária já foi relatada

A falsidade sobe a mente incitada

De bruxarias sociais e atos odiosos

É por isso da vida há pouco apreço.

Toda vez que se caminha pela rua

De tão crua, a verdade se faz suja

De tão nua, ela nunca se comporta

É funeral livre de pudores e portas

Na desistência sóbria lhe diz: fuja

Para uma existência que seja sua.

Não há escolhas no meio da guerra

Ainda mais quando ela não é velada

Onde velam cadáveres na luz do dia

Ignora qualquer louvor pela pele fria

A alma que agora foi desencarnada

Jamais saberá se tal luta se encerra.

O ser humano é da ala mais doente

Dos bichos que cultivam a crueldade

Rebeldes mantidos em berço de ouro

Beldades contidas em laços de couro

Na volitividade tétrica da bestialidade

Onde o objetivo é ser o mais demente.

E toda a coalisão se agrega na loucura

Na tessitura debelada da insensatez

Vive um extenso e antiético comércio

Que rasteja na maldita lei do silêncio

E subsiste-se bem na plena desfaçatez

E persiste que a morte é forma de cura.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 28/10/2015
Código do texto: T5429532
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