Pensando cá com os botões
E penso com meus botões,
Sempre quis escrever algo,
Que falasse de um fidalgo,
Na cozinha e arrumações,
Caladinho e sem sermões,
E tudo fosse uma limpeza,
Tão bruto em delicadeza,
Da vassoura, sabão e rodo,
Da parede a escorrer lodo,
Em aventais e dotações.
Eu quis escrever uma linha,
Para em branco não passar,
O que viesse no meu pensar,
Talvez o cocô da galinha,
Ciscando as ervas daninha,
Lá embaixo da mangueira,
Vistas trepando a porteira,
Misturam-se a outras mais,
E que rumam aos cafezais,
Parecendo uma brincadeira.
Queria escrever para vovó,
Só que nunca a conheci,
Sei que gostava de pequi,
É que a coitada virou pó,
Deixando o vovô tão só,
Ele abominava a barata,
Comia as carnes de lata,
Nas estórias de aparição,
Quase sempre era o vilão,
Que pisava o pé da pata.
Ainda quis fazer a escrita,
Das chineladas na bunda,
Dar e tomar vira corcunda,
Papai cigarro de paia pita,
Marmota era a sua cabrita,
Menina do olho namora?
Será que ela vira senhora?
O Arco da veia tem flores?
Que dó da Maria das dores!
É, acho que paro por agora.
Uberlândia MG
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