Filha de Joaquina
Num dia qualquer, na década de 70
veja o que o povo inventa, provocar
uma menina que tinha fogo na venta
um rapaz meio desorientado
foi pedir emprestado, as ferramentas
que dona Joaquina trabalhava no roçado.
Esse moço era acostumado trabalhar
sem ferramenta comprar, e as dos outros
estragar, na sua labuta de mato roçar
seu bocado queria ganhar, um a outro só
grolar com suas estórias de pouco abençoado
nenhum momentos sentia-se envergonhado.
Com tanto vai e vem, já não tinha de ninguém
as ferramentas pegar, viu que naquela casa
só uma pequena menina, feia e franzina
porém de boca ferina que logo ficou a estranhar
que com tanta convicção sua mãe defender
por ser mulher e com duas crianças viver
suas ferramentas era o meio de sobreviver.
Como um furacão desgovernado
a menina que era de pouco grado
foi gritando em disparado, dizendo
que ele era um homem desavergonhado
por pedir emprestado as ferramentas
de sua mãe, pois com todo zelo e cuidado
aos poucos havia comprado, tudo que era
usado na roça ou no roçado , foice e machado.
Ele um homem já feito, sentiu um
desrespeito ser daquele jeito
destratado por uma menina de pouco
tamanho e também de pouca idade
falar com tanta verdade e ferir assim
o orgulho da masculinidade poi sentia-se
uma beldade daquela vila que nunca chegou
a ser cidade, nem cresceu, nem desenvolveu
até os dias de hoje vive aquele que não morreu.
Naquele dia então a menina
rasgou seu coração dizendo com
todas as letras e também
xingação, aquilo que para ela
era uma grande falta de consideração
com uma pessoa sofrida
que sabia que a alma
de sua mãe carregava
grandes mágoas e feridas
num mundo de preconceito
por lutar do seu jeito
colhendo arroz, e feijão
defendo o pouco pirão
que muitas vezes lhe era
dado apenas em poucos grãos.
Assim ficou zangado dizendo
vou fazer sua mão lhe bater
por tantas gritarias, berros
e discussão os poucos vizinhos
querendo logo saber, o motivo
de tanta agitação, uns alvoroçados
outros quieta meu senhor
deixa essa menina, que eu vou entrar
a seu favor, falando para a mãe dela
quão grande é seu mau humor
este homem, que seu nome
não sei, é irmão de Fátima
filho de Francailno, enteado de Maria.
E quando dona Joaquina chegou
foi grande a confusão, cada um
falava uma coisa ela não entendia
tanta falação, até que sua filha falou:
Suas ferramentas, eu, não empresto
não, pro cabra que tem saúde
e força para trabalhar e querer
se dar bem nas costa de quem vive a lutar
todos olharam para aquela pequena menina
e disseram: Essa é filha de Joaquina.