Aos pés da "redentora"
Lá no planalto central,
no coração de Goiás,
a mando de satanás
e outros entes do mal,
deu-se assento a capital
deste mulato inzoneiro,
que nunca perdeu o cheiro
das ceroulas de Cabral:
dejetos de bacalhau
trazidos do estrangeiro.
Niemeyer, o timoneiro,
(nosso maior arquiteto)
por quem nutre grande afeto
todo o povo brasileiro,
por ser puro e verdadeiro
na defesa da utopia,
não previu que algum dia,
nalgum primeiro de abril,
à baioneta e ao fuzil,
o lápis se renderia.
E foi-se João sem Maria,
Francisco sem Marieta...
e o luto da tarja preta,
que o verde oliva encobria.
E fundou-se a confraria
dos vilões da ditadura:
qualquer uma criatura
que teimasse dizer não
às ordens dum capitão
ou às vendas da censura.
No país, àquela altura,
qualquer cabeça de bagre
repercutia o milagre
dos santos da ditadura,
sob o terço da tortura
e a bênção da repressão:
Humberto, o primeiro São,
seguido por São Arthur,
Emílio Garrrastazu,
São Ernesto e São João.
Deu-se a tal revolução
dos anos sessenta e quatro,
que salpicou no retrato,
entre o tanque e o canhão,
sob as fraldas da nação
e as fardas dos generais,
o sangue de muitos pais
(resistentes à tortura)
duma geração futura
tolhida de ideais.
E ainda há comensais
filhotes da ditadura,
capazes, a esta altura,
como se vê nos jornais,
tentarem, uma vez mais,
recolorir o retrato
e pendurar no teatro,
nas paredes da memória
(onde dormita a escória)
um novo sessenta e quatro.
Não foi trinta e um de março,
mas em primeiro de abril,
que, com bazuca e fuzil,
e outras armas de aço,
foi dado o primeiro passo
duma longa trajetória,
que ecoa na memória
como vil caricatura.
Que fique a dor da tortura
na cicatriz da história.
E que a linha sucessória,
não renove a ditadura!
Lá no planalto central,
no coração de Goiás,
a mando de satanás
e outros entes do mal,
deu-se assento a capital
deste mulato inzoneiro,
que nunca perdeu o cheiro
das ceroulas de Cabral:
dejetos de bacalhau
trazidos do estrangeiro.
Niemeyer, o timoneiro,
(nosso maior arquiteto)
por quem nutre grande afeto
todo o povo brasileiro,
por ser puro e verdadeiro
na defesa da utopia,
não previu que algum dia,
nalgum primeiro de abril,
à baioneta e ao fuzil,
o lápis se renderia.
E foi-se João sem Maria,
Francisco sem Marieta...
e o luto da tarja preta,
que o verde oliva encobria.
E fundou-se a confraria
dos vilões da ditadura:
qualquer uma criatura
que teimasse dizer não
às ordens dum capitão
ou às vendas da censura.
No país, àquela altura,
qualquer cabeça de bagre
repercutia o milagre
dos santos da ditadura,
sob o terço da tortura
e a bênção da repressão:
Humberto, o primeiro São,
seguido por São Arthur,
Emílio Garrrastazu,
São Ernesto e São João.
Deu-se a tal revolução
dos anos sessenta e quatro,
que salpicou no retrato,
entre o tanque e o canhão,
sob as fraldas da nação
e as fardas dos generais,
o sangue de muitos pais
(resistentes à tortura)
duma geração futura
tolhida de ideais.
E ainda há comensais
filhotes da ditadura,
capazes, a esta altura,
como se vê nos jornais,
tentarem, uma vez mais,
recolorir o retrato
e pendurar no teatro,
nas paredes da memória
(onde dormita a escória)
um novo sessenta e quatro.
Não foi trinta e um de março,
mas em primeiro de abril,
que, com bazuca e fuzil,
e outras armas de aço,
foi dado o primeiro passo
duma longa trajetória,
que ecoa na memória
como vil caricatura.
Que fique a dor da tortura
na cicatriz da história.
E que a linha sucessória,
não renove a ditadura!