Abraçando o pé de jaca

Airam Ribeiro 28/09/2015

Meu pé de jaca abracei

Até um beijo lhe dei

Xamei ele de meu irmão

Quem de longe me oiásse

Tarvez de louco me xamasse

Por ter sentimento não.

Agradeci o caule bruto

Pelas delicia dos fruto

Que ele sempre me ofertô

Muitas jacas pindurada

Estava na sua copada

Foi o que os zóio avistô.

[ ...]

Há muito tempo atrás

Tempos que não vorta mais

Estava uma sementinha

Em cima do calçamento

Pensei naquele momento

Entre as pedras sozinha?

Logo no bolso guardei

E quando na roça xeguei

Tratei logo de plantá

Todos os dias moiava

Para ver se apontava

Seu primeiro broto no ar.

O tempo foi passando

E o seu tronco engrossando

Quando nun dia apareceu

A sua primeira jaquinha

E do lado outras vizinha

Embelezano os zóio meu.

Seus bago é muito doce

É como se ela toda fosse

Regada só com o mel

Sua sombra para a gente

Refresca do sol ardente

Que ta lá inrriba no céu.

Pode de louco me xamá

A jaqueira vou abraçá

Sem vergonha de ninguém

Sou movido de sentimento

Beijo as árvores no momento

Que a minha vontade convém.

Nela muitos passarinho

Nos galhos fazem ninhos

Para uma nova pocriação

E os cantos de acasalamento

Soam nos ouvidos atento

A sinfonia do sertão.

Na alvorada matinal

Na jaqueira do meu quintal

Ta os pássaros a acazalá

Enquanto o café nun é coado

Fico na cama embrulhado

Ouvindo-os estribilhá.

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 01/10/2015
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