TRIUNFO SEVERINO (2005)
Para fazer estes versos
Agrestes como o sertão
Peço licença aos leitores
E rimo com o coração
Pela luz que me alumia
À musa da poesia
Vou pedir inspiração.
Mais forte do que Sansão
Nosso povo nordestino
Mostrou por que dribla a morte
Passa pitu no destino
Cangapé no preconceito
Faz presidente, prefeito
E coroa um Severino.
Severino era menino
Daqueles bem cabeçudos
As orelhas de abano
Lombriguento e barrigudo
Pras bandas de João Alfredo
Era chamado sem medo
Severinim, o buchudo.
Na hora que ele nasceu
No Céu teve trovoada
A água correu de bica
Animando a bicharada
E o povo cantava em festa
Fazendo um sinal na testa
Chegou o “pai-da-coalhada”!
Severino se criou
Correndo atrás de preá
Tomando banho de açude
Viu besouro mangangá
É cabra que ninguém dobra
Comia pirão de cobra
Com farofa de embuá.
Lavava jegue em riacho
Para ganhar uns trocados
Era pobre como Jó
Porém bastante animado
Cresceu, venceu, não deu trégua
Hoje quer lavar a égua
De 500 deputados.
Já pagou conta de bêbado
Que quebrou o butiquim
Soltou motorista preso
Dos que dirigem bem ruim
Digo sem pestanejar
Só falta ele pagar
Umas continhas pra mim.
Severino Cavalcante
Nunca quis ser cavalgado
Botou a cara no mundo
Vejam só o resultado
Com voto de cachaceiro
De motorista barbeiro
Findou sendo deputado.
Com jeito de come quieto
Pelejando com aumento
Agradando o baixo clero
Se lembrando do jumento
Que lavou em João Alfredo
Disse: agora vou sem medo
Conseguir o meu intento.
Ninguém via Severino.
Os homens do alto clero
Cabelos de brilhantina
Imponência, lero-lero
Cegaram de arrogância
Irmã da ignorância
Perderam de dez a zero.
O coitado do Greenhalg
Um homem bom e direito
Se engalfinhou com Virgílio
Um dissidente sem jeito
Acabou tomando uma pisa
Dum matuto sem camisa
Severino foi eleito.
O presidente da Câmara
Teve vida severina
Comeu feijão chocha-bunda
Mas deu um drible na sina
Por onde passa é chamado
De chefe dos deputados
E raio da silibrina.
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