Filosofia de um poeta aloprado
Quando Deus resolveu criar o mundo
Demonstrou a maior sabedoria
Pôs a boca do sino para baixo
Pôs pra cima a boca da bacia
Misturou o feijão com a farinha
Separou a raposa da galinha
Destacou a feiura da beleza
Fez da noite a antítese do dia
Fez do riso uma marca da alegria
E da lágrima marca da tristeza
Pôs a ponta num lado da agulha
E no outro um buraco para a linha
Colocou na frente a porta da sala
E atrás pôs a porta da cozinha
O pavio ele pôs dentro da vela
Já o cabo pôs fora da panela
Fez o vento soprando para a terra
E o rio correndo para o mar
O perdão para a gente perdoar
E a paz para por um fim à guerra
Pôs o “A” no início do alfabeto
E o “Z” colocou no seu final
Pra chorar fez o Dia de Finados
Pra sorrir ele fez o carnaval
Pra jogar futebol fez o Pelé
E o pão pra comer com o café
Fez o sol para ser a luz do dia
E a lua pra noite iluminar
A mulher ele fez pra o homem amar
E também pra ser musa da poesia