CÁLIDA VAZANTE
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A existência planetária,
Cheia de encantos mil,
Perde o seu céu de anil
Junto à indumentária
Para se tornar lendária
Nesta manhã tão cinzenta
Que o meu brilho afugenta,
Descolorando a tela
Que um dia pintei pra ela
De forma tão pachorrenta.
Minha alma se atormenta
Em face a desilusão,
Por tamanha ingratidão
Meu olhar hoje rebenta.
Meu peito já não agüenta,
E uma cálida vazante,
Que banhando o meu semblante,
Tenta, em vão, o consolar.
Mas ele não quer calar
Por causa do intolerante.
Me tortura o semelhante
Que não vê que está morrendo,
E aos poucos se perdendo,
A magia do instante.
Nosso bosque verdejante
Não tem a mesma alegria,
Já não se ouve de dia
O louvor do passaredo,
Que outrora o arvoredo
Transbordava de alegria.
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