VALHA-ME NOSSA SINHORA
VALHA-ME NOSSA SENHORA!
Jorge Linhaça
Vejam só a situação
do meu amigo estimado
assim todinho amarrado
parecendo com um leitão
prontinho pra ser assado
tenho pena do coitado
que arrumou essa confusão
Acontece que meu amigo
foi assim como convidado
pra um banquete marcado
sem ter noção do perigo
tava se achando endeusado
de belas mulheres cercado
se achando o rei dos bandidos
Lá pelas tantas da festa
a conversa mudou de rumo
meu amigo perdeu o prumo
com uma cacetada na testa.
Acordou com cheiro do fumo
se achando já um defunto
besuntado e sem as cuecas.
O pobre gritar não podia,
pois aboca estava entravada
numa maçã avermelhada
que a boca toda lhe enchia
as mãos nos pés amarradas
sobre a travessa enfeitada
-Valha-me a virgem Maria!
As mulheres ali em volta
decidiam como ultimar
o prato antes de assar
-Quase que estoura a revolta.
meu amigo pos-se a urrar
e as cordas tentar desatar
como se dançasse uma polca
A mulherada ali do lado
continuava a discussão
sobre a sua destinação
como prato a ser degustado
falavam assim de roldão
se cru ele já é tão bão
imagina depois de assado.