Toada de violeiro

Bom dia amigos e amigas do Recanto, este texto é uma tentativa de homenagear os violeiros, não tem maiores pretensões, é resultado de mais um noite de insonia.

Toada de violeiro

É a voz do violão

Que ajuda o estradeiro

A cumprir sua missão

É um pouco do madeiro

Que protege a solidão.

Leva em seu interior

A certeza da saudade

Colorida com a dor

Da dura realidade

Também oferece a flor

Que alegra a mocidade.

Na toada o violeiro

Põe à mostra a sua alma

Ele não busca dinheiro

Quer apenas o que acalma

Poderá ser o primeiro

A pagar a própria calma.

Ele não carrega arma

Usa apenas o violão

Violência ele desarma

Com palavras de união

Sua vida é o seu carma

Pra vencer ingratidão.

Os prazeres que consegue

São momentos e nada mais

A estrada que ele segue

Não o faz voltar atrás

Na vitória que consegue

Mostra como obter paz.

Na festa que comparece

Ele faz animação

Sempre reza alguma prece

Antes de uma refeição

E a Deus ele oferece

Tudo com educação.

Sua fala é compassada

Pensa antes de falar

Sua voz é educada

Sabe como se portar

Quando chega a madrugada

É hora de descansar.

Para o baile na cidade

Ele toca simplesmente

Age com serenidade

Quando o clima fica quente

Assim faz felicidade

Para quem é inocente.

Quando sofre humilhação

Ele não aceita briga

Sempre estende a sua mão

E jamais carrega intriga

Cumpre a sua obrigação

Sem ninguém que lhe obriga.

Tem na sua consciência

O que deve combater

Nunca perde a paciência

Sempre cumpre o seu dever

Se ouvir maledicência

Ele finge isso esquecer.

No silêncio do seu lar

Ele traça o seu futuro

Pouco tem para levar

Mas não vive no escuro

Pra família vai deixar

O nome do homem puro.

Vai deixar o violão

Embalado na sacola

Com o ultimo refrão

Aprendido na escola

Não terá no seu caixão

Nada dado como esmola.

No passado que viveu

Encontrou o anonimato

Doou tudo que era seu

Inclusive algum mau trato

Que no tempo se perdeu

Ou ficou la no regato.

O presente que ele deu

Foi o próprio coração

Nada mais ofereceu

Nada teve em profusão

Mas o tempo ele venceu

Inspirando uma canção.

No futuro que há de vir

Ele à vida voltará

Vai na certa construir

O violão que tocará

E aquele que o ouvir

Dele então se lembrará.

Lembrará dos seus concertos

Dos arranjos para as odes

Lembrará dos seus duetos

Das canções e seus acordes

E também dos minuetos

Feitos pras festas dos lordes.

Esse é o violeiro

Que andou terras estranhas

Nunca carregou dinheiro

Não viveu de artimanhas

E no fim, por derradeiro,

Viu que a paz o acompanha.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 23/08/2015
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