O Aprisionador de Passarinho Que Passou Para a “Gaiola” de Baixo.

O que o sujeito mais gostava

Era engaiolar os passarinhos,

Retirava-os da Mãe Natureza

Para aprisionar os bichinhos

Num ato de extrema maldade

Que lhes usurpava a liberdade,

As suas famílias e seus ninhos.

Mas o energúmeno carcereiro

Não se comovia com a situação

Sempre que era questionado

Vinha com a mesma explicação

De que amava a passarinhada

E gostava de ouvir, na alvorada,

Aquela angustiante canção.

Algumas pessoas o repreendiam:

- Como podes falar em amor ...

Quando, na verdade, aprisionas

... As criaturas do Criador?

O canto delas é uma beleza,

Mas quando estão na Natureza.

D’uma prisão só emitem clamor.

- Que diabos de amor é esse

Que só serve para puni-los?

Quando cantam em liberdade

Todos nós podemos ouvi-los,

Mas por soberba e egoísmo,

És praticante do escravismo

E certamente vai extingui-los.

- Você acha que Isto é justo?

Passarinhos cantam de graça.

Para ver um humano cantar,

Se não pagar ele te rechaça,

Mas para você é indiferente

Ajuda a enriquecer essa gente

E põe os pássaros na desgraça.

- Então aprisiona e pendura

Roberto Carlos e Pavarotti;

Amado Batista e Leonardo;

Gilberto Gil e Cesar Menotti;

Qualquer um que você quiser

Engaiole ou prenda pelo pé

Para ouvi-los de “camarote”.

Mesmo com tantos conselhos

O verdugo nunca mudou

E durante toda sua vida

Muito pássaro aprisionou.

Fez da judiação um esporte,

Levou muitos bichos à morte

Vendeu, concedeu e trocou.

Se tem um lado bom da vida

É o fato de nada ser eterno

E tudo o que aqui fazemos

É registrado num caderno.

O passarinheiro adoeceu

Não teve jeito, ele morreu

E foi direto para o inferno.

Chegando lá foi apresentado

Aos sete príncipes infernais

Primeiramente para Lúcifer

Também chamado de satanás

Asmodeus, Belphegor, Satã,

Mammon, Azazel, Leviathan

Todos ex-anjos celestiais.

Gritou Lúcifer, o orgulhoso:

- Já sei porque você veio!

- És tão “bom” quanto nós,

Por isto está em nosso meio.

- Já Ouviu aquela expressão,

... De que de boa intenção

O nosso inferno tá cheio?

- Não responda. Vou lhe explicar:

- Aqui não temos enganação!

Pois DEUS quando nos criou,

Tinha muito Amor no coração,

Mas nos orgulhamos e o traímos,

Do Céu para o inferno caímos,

Por causa de uma boa intenção.

- Mas você não se preocupe,

Aqui você só tem “amigo”

E por toda a eternidade...

O inferno será seu abrigo

Está sob nossos cuidados

E para pagar teus pecados

Começaremos os castigos.

- Cada príncipe do inferno é

Representante d’um pecado,

Sete Príncipes, sete capitais.

O passarinheiro assombrado,

Que na terra nunca foi santo

Não aguentou, caiu no pranto,

Pois viu que estava lascado.

Enquanto estava chorando,

Vieram uns cramunhãozinhos

Colocaram-lhe na fogueira

Pra fazer um churrasquinho

A “chapa” foi esquentando

E os demônios gritando:

- Canta aí meu canarinho!

Disse Belzebu, o rei da gula:

- Você não fique apavorado!

Passarás por vários círculos,

D’onde sairás machucado.

Depois de cada pena trágica,

Como num passe de mágica,

Teu corpo será regenerado.

Leviathan, o “pai” da inveja,

Sorrindo, começou a falar...

- Sobre essa recuperação,

Escute o que vou lhe explicar.

- Aqui você só tem irmão...

Queremos que estejas são

Para cada castigo aguentar.

- Mas podes ficar tranquilo!

Bradou Azazel, o da ira...

Aqui nós somos todos justos

E não gostamos de mentira.

Falou Mammon, o da avareza:

- No inferno não terás moleza,

E, no fogo, dançarás catira.

Chegou Belphegor, o da preguiça

E disse: - escute o que vou dizer!

- Nem todo castigo é ruim...

E boas novas eu vim trazer!

- Pode parar com a lamúria,

Pois Asmodeus, o da luxúria,

É responsável por teu prazer.

Aquilo para o passarinheiro.

Soou como uma melodia.

Enfim, uma boa notícia!

Contrastando com a agonia.

Murmurou o engaiolador,

Que, em meio tanta dor,

Teve um pouco de alegria.

Esse tal Asmodeus deve ser

O Responsável pelo harém.

Tem muitas diabinhas lindas,

Certamente vou me dar bem,

Sou um garanhão moderno

Na terra e agora no inferno,

Vou “pegar” mulher também.

Quem sabe eles precisam

De um bom reprodutor?

Meu desempenho é ótimo,

Sei que vão me dar valor.

Agora fiquei animado!

Fornicarei um bocado,

Obrigado meu Senhor!

Estendeu a mão para Belphegor

E disse: - Eu lhe cumprimento!

Nessa hora Asmodeus, por trás,

Enfiou-lhe o “equipamento”...

O passarinheiro gritou: Meu Deus!

Eu não aguento a do Asmodeus,

Que é maior que a d’um jumento.

Asmodeus, eletrizante,

Cafungava eu seu cangote,

Sussurrava em seu ouvido:

- Você é quem terá filhote.

Comigo não tem carinho

E pra algoz de passarinho,

O presente é meu mangote.

Nesse instante a ficha caiu

O cabra ficou apavorado,

Certamente, se pudesse,

Voltaria ao passado,

Não prenderia passarinho,

Deixava intacto seu ninho,

Livre, solto e sossegado.

Só que este é um erro

Que ninguém pode apagar

Quem maltrata os indefesos,

Tem mesmo é que se ferrar

E Deus não vai te ouvir,

Na hora que você sentir

O “fumo” do Asmodeus entrar.

Duarte, ao fazer este cordel,

Que é útil e bem humorado,

Quis fazer mesmo um alerta

Pra um bando de desgraçado.

Mudem, pois ainda dá tempo

De evitar muito sofrimento,

Soltem o pássaro engaiolado.

Para aquele que insiste

Os bichinhos maltratar,

Deixo aqui o meu alerta

Que é pra você repensar.

Ou no inferno ou na terra,

Mas um dia você se ferra

E por seus erros vai pagar.

Galvino Duarte
Enviado por Galvino Duarte em 12/08/2015
Código do texto: T5343730
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.